terça-feira, 27 de novembro de 2018

LUGAR

Não suporto mais ouvir a palavra lugar ser pronunciada para definir o que quer que seja menos o que ela define de fato, que é, precisamente, lugar. Ou seja, espaço que pode ser ocupado por alguém ou por alguma coisa. Lugar é onde você nasceu, onde estudou, onde trabalha, onde mora. Lugar é a posição que alguém ocupa em um concurso. É um acidente geográfico, um país, uma cidade, um bairro. Mas agora é um tal de lugar de fala, lugar de performance, lugar de questionamento, lugar de seja o que for. Dia desses vi um jovem ator ser entrevistado por Lázaro Ramos, no programa dele no Canal Brasil, e fiquei impressionado com a quantidade de vezes que ele pronunciou a palavra lugar. Até "lugar de cegueira" ele chegou a dizer. Fiquei me perguntando que lugar seria esse... Não consigo entender direito de onde vem essa "moda" de se utilizar determinadas palavras até a exaustão. O mesmo vem acontecendo com o termo narrativa. Tudo agora virou narrativa. Usa-se, inclusive, "o lugar da narrativa". Preguiça... Nem vou me referir aqui aos já esgotados e insuportáveis empoderamento e protagonismo. Esses não saem das bocas e me arranham os ouvidos cada vez que são pronunciados. Isso sem falar no requentado e já desgastado "resistência". Chega a dar saudade de quando esse termo era usado para se referir àquela mola que esquenta o chuveiro elétrico. E agora me calo. Para não desgastar ainda mais as palavras...
Na foto, o Jardin du Luxembourg, um lugar que adoro frequentar quando estou em Paris.

2 comentários:

  1. Adoro, outro dia falei isso mesmo sobre "resistência", logo que o tivemos a nossa Nakba Tropical, dia 28 de novembro. Eu avisei: vai desgastar, vai virar por demais clichê, vai perder a força. As palavras tem força, quando estão no lugar certo. Ops, desculpa aí.

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  2. Sergio, amado! Concordo plenamente que as palavras tem força no lugar certo. Veja, por exemplo, as suas aqui. Por enquanto as únicas! Obrigado, querido.

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