quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

DE VOLTA À PAULICEIA

Estou de volta a São Paulo depois de dez dias junto ao mar no pequeno paraíso que é a praia de Camburi. Dormir e acordar rodeado de belezas naturais de tempos em tempos é algo essencial para quem mora na Pauliceia. Respirar a brisa do mar, sentir a maresia, ouvir estrelas! Ora, direis, perdeste o senso. E eu vos direi no entanto que junto ao mar as estrelas são tantas que a gente chega até mesmo a ouvi-las. Ou o vinho que bebemos nos faz acreditar que sim. Mas, como já dizia Baudelaire, é preciso estar sempre embriagado. De vinho, de poesia ou de virtude, daquilo que preferirem... Eu prefiro esse mix de vinho e maresia, de lua e estrelas, nasceres e pores de sol, subires e desceres de marés... Sempre acompanhado de alguma literatura, para inspirar, e d'alguma música, para embalar as emoções... Claro que, como a perfeição não existe, tinha que ter algo de ruim: Os mosquitos. Um inferno. E dá-lhe repelente e matinset... Na volta, ao longo da estrada, um verdadeiro show em tecnicolor proporcionado por quaresmeiras e manacás que, no auge da floração, pintam e bordam a subida da serra... A capital, para variar, está cheia de coisas a serem vistas, assistidas, visitadas e revisitadas. A primeiríssima coisa que pretendo fazer, assim que terminar de desfazer a mala e botar a roupa para lavar, é visitar a exposição de Anita Malfatti no MAM. A mostra comemora os cem anos da famosa exposição da pintora que causou furor em 1917 e sacudiu a Pauliceia a ponto de fazer Monteiro Lobato chamá-la de Paranoia ou Mistificação... Das coisas que me fazem amar a cinzenta e poluída São Paulo de Piratininga. Essa visita à exposição de Anita merecerá, evidentemente, post exclusivo aqui no blog. Este que encerro agora era só para matar a saudade e fechar o parêntese aberto com a minha ida para Camburi. Agora, devidamente reabastecido de mar, sol, horizontes, entardeceres, noites estreladas, silêncio e canto dos pássaros, volto a encarar de frente a grande metrópole. Embriagado de vinho, de poesia e de virtude... Bom fevereiro a todos!
Na foto, obra do artista carioca Marcelo Eco, que homenageia a famosa esquina paulistana cantada por Caetano.

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