domingo, 6 de fevereiro de 2011


SENHORA DE DUBUQUE

Woody Allen já abordou o tema de forma bem humorada no conto A Morte Bate à Porta, do livro Cuca Fundida. Em Senhora de Dubuque, peça em cartaz no Sesc Pinheiros, em São Paulo, Edward Albee, o genial dramaturgo de Quem Tem Medo de Virginia Wolf, retoma, sem dó nem piedade, o tema da morte iminente e, de quebra, faz crítica implacável à superficialidade das relações humanas. Impossível, por mais racionalmente que se assista ao espetáculo, não se sentir tocado pela perda inevitável de alguém a quem se ama. A montagem, uma iniciativa da Daltrozo Produções, com direção de Leonardo Medeiros, é dignamente protagonizado por Karin Rodrigues e Alessandra Negrini. As duas cansativas horas de duração são abrandadas pela excelência do espetáculo, bem embalado em cenário de Mira Andrade e conduzido agradavelmente pelas interpretações do jovem elenco encabeçado por Alessandra Negrini. Eu já era fã de Alessandra da televisão e essa peça só serviu para confirmar seu enorme talento. A iniciativa, em tempos de stand-up comedy, onde só o que se vê nos teatros é uma pessoa engraçada diante de um microfone, é, no mínimo, corajosa. Eu ando reclamando para todos os meus amigos do excesso de comédias em cartaz, realmente acho que não há motivo pra se rir tanto. Por isso, por mais que tenha defeitos, a montagem é louvável. Propõe uma reflexão. Tem humor. Tem ironia. Tem a inteligência dramatúrgica de Albee. Sua contemporaneidade implacável. E a dignidade de Karin Rodrigues. Que, com fina ironia, porsonifica a morte com simpatia inaudita. Sem falar no luxo que é a trilha sonora especialmente composta por Lulu Camargo. Sou suspeito pra falar, porque adoro teatro. Especialmente o teatro realista americano do século vinte. Então, é ver para conferir...

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