domingo, 30 de julho de 2017

DILEMAS DE UM PALHAÇO

Eu amo teatro. E quando digo que amo, não me refiro apenas ao fazer teatral. Amo assistir teatro, também. E quando se trata de bom teatro, amo ainda mais. Ontem tive a oportunidade de conferir o espetáculo Pontos de Vista de um Palhaço, solo do ator Daniel Warren, que só contribuiu com o meu amor pela arte da representação. Abandonado pela mulher que ama, o personagem de Daniel expõe diferentes pontos de vista: O próprio e o do palhaço que ele representa; o da mulher e o dos líderes religiosos que ela segue. Em uma sessão de terapia coletiva na qual os outros participantes são o próprio público. E Daniel o faz com maestria. O espetáculo é uma pequena joia. Prende a atenção do início ao fim sem nunca deixar a peteca cair. A interpretação de Daniel consegue ser surpreendente durante todo o tempo que dura a peça. E a gente sai da sala com a alma lavada... Nunca gostei muito de palhaços. Tampouco dos chamados "clowns", que são uma espécie de sofisticação dos mesmos. Outro dia, perdido que estou de saudades da capital francesa, fui ao cinema assistir ao filme Perdidos em Paris e sem saber me deparei com eles, os clowns. Aquelas repetições sem fim e uma lógica sem lógica me irritam em vez de me divertir... Não é o caso desse Pontos de Vista. Daniel Warren é um excelente ator. Não se limita a ser clown sobre a cena. Ele constrói seu personagem em diversas camadas de interpretação, colorindo-o com as técnicas de palhaço que inteligentemente estudou para enriquecer ainda mais o seu brilhante trabalho. E o resultado é apaixonante. Sem falar que ele é puro carisma... Fiquei bastante tocado pela força que tem esse espetáculo, que é todo trabalhado na elegância e sensibilidade. Deus queira que um dia eu consiga fazer algo parecido! E todos os aplausos para esse pequeno grande ator...
A direção e a dramaturgia são de Maristela Chelala, que divide com Daniel a concepção artística. O espetáculo está em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Imperdível...
Na foto, o protagonista Daniel Warren brilha sem o menor esforço sobre a cena.

Um comentário:

  1. Eu assisti no SESC. Saí feliz da vida. Adoro Daniel. Eu o conheci quando veio operar o som de "Boa Noite, Mãe" pelas mãos de Suia Legaspe. Daniel é talento puro, teatro no sangue. É descendente de Russos e Irlandeses. Não precisamos dizer mais nada!

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