sábado, 29 de julho de 2017

MAISON CLOSE

Pense numa pessoa que viveu em Paris no começo dos anos noventa, se apaixonou pela cidade, ficou dezesseis anos sem ir visitá-la e, de 2007 pra cá, estava indo regularmente uma vez por ano ou a cada dois anos no máximo. Essa pessoa sou eu. E o intervalo de dois anos sem ir a Paris já venceu em maio desse ano... Pense na síndrome de abstinência que essa pessoa, no caso eu, está vivendo. E imagine a pessoa, sozinha, em uma sala do MASP visitando a exposição Toulouse-Lautrec em Vermelho. Foi o que aconteceu comigo ontem à tarde... E foi maravilhoso. Toulouse-Lautrec simboliza a mítica Paris boêmia dos artistas, dos cabarés, das prostitutas, dos espetáculos de variedades, da vida noturna, do bas-fond, do cancan, e, claro, de Montmartre, o bairro sede de todo esse movimento. Fui transportado para os salões da maison La Fleur Blanche, para o lendário Moulin de la Galette, encontrei com a dançarina Jane Avril e com o cabaretier Aristide Bruant... Revi as bailarinas de cancan e suas saias, tal qual havia assistido ao vivo no próprio Moulin Rouge... As pinceladas nervosas do artista fazem os óleos sobre tela ou sobre cartão parecerem desenhos de lápis pastel. E os gigantescos cartazes em litografia que anunciavam as atrações dos cabarés dão a medida da importância de Lautrec para a arte da virada do século dezenove para o vinte. Gostei especialmente de uma parede inteira dedicada a retratos de atores e atrizes. Entre eles, évidemment, a grande Sarah Bernhardt... A mostra traz setenta e cinco obras e cinquenta documentos como cartas, bilhetes, telegramas e fotografias, abrangendo toda a produção do artista, desde os primeiros anos até a sua precoce morte aos trinta e seis anos em decorrência do abuso de álcool e da sífilis contraída na vida libertina que levava. Como disse anteriormente, mítico. Icônico. Arquetípico... Quando saí das dependências do museu fiquei parado na Avenida Paulista como quem espera ser resgatado por um carro mágico. Igual àquele que transportava o personagem do filme Meia Noite em Paris, de Woody Allen, para a Paris boêmia da Belle Époque. Mas tudo o que passou foram ônibus, taxis, úbers (ou seriam úberes?), carros e mais nada. E eu fiquei ali, sonhando com o dia em que verei Paris outra vez... Delírios à parte, a exposição é maravilhosa e pode ser visitada até o dia primeiro de outubro. Sendo que às terças-feiras a entrada é gratuita. Para quem está na Pauliceia, o MASP fica na mais paulista das avenidas...
Nas fotos, Toulouse-Lautrec em si, A Roda - a bailarina Loïs Fuller vista dos Bastidores e La Femme au Boi Noir, duas das obras que mais gostei. Ah! O título do post se refere às "casas fechadas" que o artista costumava frequentar com suas amigas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário