CENSURA
Lembra dessa senhora da foto? Não tem importância, como diria minha amiga Agnes Zuliani, no seu personagem Senadora Biônica. Pois ela é Solange Hernandes, a ex-temida chefe do Departamento de Censura da Polícia Fedral. Mereceu até música de Léo Jaime, gravada pelo Ultraje a Rigor, versão de So Lonely, do The Police. Tenho a impressão que desde o fim da ditadura militar no Brasil não se ouvia falar tanto em censura como agora. Eu cresci nesse obscuro período da nossa história. Lembro que antes de começar qualquer programa na televisão, era exibido o certificado de censura na tela, dizendo qual o limite de idade para se poder assisti-lo. Ninguém ligava muito pra isso e lá em casa eu só não podia mesmo assistir à novela das dez. Mas isso porque meus pais dormiam cedo... E também cheguei a pegar, já como profissional do teatro, o temido ensaio geral para a censura, no qual um funcionário da polícia, o censor, determinava se a peça podia ou não estrear. Foram tempos duros, de cerceamento das liberdades, sobretudo da liberdade de expressão, também tão falada hoje em dia. Tem-se usado muito expressões como censura e liberdade de expressão, para se referir a um possível policiamento politicamente correto que estaria tentando cercear humoristas. Ora, era natural que algum tipo de reação surgisse nessa avalanche de mau gosto que parece ter tomado conta do país. Em nome da liberdade de expressão diz-se, escreve-se, posta-se, transmite-se, enfim, propaga-se toda espécie de bobagens e grosserias. A falta de respeito com o próximo foi institucionalizada e qualquer reação de alguém com um mínimo de bom senso passa a ser considerada patrulhamento do politicamente correto. Que saco! Que coisa mais chata! Quando é que vamos nos tornar adultos? “Zoar” pode ser muito engraçado, e até divertido, quando se tem doze anos e se está no colégio. Se a pessoa não tem nada de relevante para dizer, fique quieta! É óbvio que não estou defendendo nenhuma espécie de censura, mas deveria existir algum tipo de controle - não, essa palavra é péssima - algum tipo de filtro ético e estético do que se divulga como bom, inteligente, esperto, descolado ou, sei lá, stand up comedy. Expressão que também não suporto mais ouvir, tal o nível de desgaste e deturpação que já atingiu por aqui. Não há a menor dúvida de que é horrível se tratar a mulher como se trata nos comerciais de cerveja, não há a menor dúvida de que os programas de humor da TV, na sua maioria, são grosseiros, não há a menor dúvida de que nós, brasileiros, somos machistas, preconceituosos e sexistas. Só que muita gente ganha dinheiro agindo assim. E qualquer tentativa de se elevar o nível passou a ser vista como censura da liberdade de expressão. Acho que quem afirma isso com certeza não viveu ou não se informou acerca do que foi o triste período da censura no nosso país. Não se trata de censura ou de ser politicamente correto: Trata-se de bom gosto, de gentileza, de cortesia, de delicadeza, de elegância. Trata-se, senhores, de Educação.
Lembra dessa senhora da foto? Não tem importância, como diria minha amiga Agnes Zuliani, no seu personagem Senadora Biônica. Pois ela é Solange Hernandes, a ex-temida chefe do Departamento de Censura da Polícia Fedral. Mereceu até música de Léo Jaime, gravada pelo Ultraje a Rigor, versão de So Lonely, do The Police. Tenho a impressão que desde o fim da ditadura militar no Brasil não se ouvia falar tanto em censura como agora. Eu cresci nesse obscuro período da nossa história. Lembro que antes de começar qualquer programa na televisão, era exibido o certificado de censura na tela, dizendo qual o limite de idade para se poder assisti-lo. Ninguém ligava muito pra isso e lá em casa eu só não podia mesmo assistir à novela das dez. Mas isso porque meus pais dormiam cedo... E também cheguei a pegar, já como profissional do teatro, o temido ensaio geral para a censura, no qual um funcionário da polícia, o censor, determinava se a peça podia ou não estrear. Foram tempos duros, de cerceamento das liberdades, sobretudo da liberdade de expressão, também tão falada hoje em dia. Tem-se usado muito expressões como censura e liberdade de expressão, para se referir a um possível policiamento politicamente correto que estaria tentando cercear humoristas. Ora, era natural que algum tipo de reação surgisse nessa avalanche de mau gosto que parece ter tomado conta do país. Em nome da liberdade de expressão diz-se, escreve-se, posta-se, transmite-se, enfim, propaga-se toda espécie de bobagens e grosserias. A falta de respeito com o próximo foi institucionalizada e qualquer reação de alguém com um mínimo de bom senso passa a ser considerada patrulhamento do politicamente correto. Que saco! Que coisa mais chata! Quando é que vamos nos tornar adultos? “Zoar” pode ser muito engraçado, e até divertido, quando se tem doze anos e se está no colégio. Se a pessoa não tem nada de relevante para dizer, fique quieta! É óbvio que não estou defendendo nenhuma espécie de censura, mas deveria existir algum tipo de controle - não, essa palavra é péssima - algum tipo de filtro ético e estético do que se divulga como bom, inteligente, esperto, descolado ou, sei lá, stand up comedy. Expressão que também não suporto mais ouvir, tal o nível de desgaste e deturpação que já atingiu por aqui. Não há a menor dúvida de que é horrível se tratar a mulher como se trata nos comerciais de cerveja, não há a menor dúvida de que os programas de humor da TV, na sua maioria, são grosseiros, não há a menor dúvida de que nós, brasileiros, somos machistas, preconceituosos e sexistas. Só que muita gente ganha dinheiro agindo assim. E qualquer tentativa de se elevar o nível passou a ser vista como censura da liberdade de expressão. Acho que quem afirma isso com certeza não viveu ou não se informou acerca do que foi o triste período da censura no nosso país. Não se trata de censura ou de ser politicamente correto: Trata-se de bom gosto, de gentileza, de cortesia, de delicadeza, de elegância. Trata-se, senhores, de Educação.
Muito bem Robertinho. Concordo plenamente. Humor pode ser feito de diversas maneiras. Infelizmente as pessoas acham que a comédia nasceu com stand Up... As máscaras do teatro foram esquecidas. Humor pode e deve ser feito com ética, elegância e bom gosto. Seu humor sempre foi feito dessa maneira. Tudo tem limite, a começar pelo universo que, mesmo em expansão, não é infinito. Parabéns.
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