MEMÓRIA
Lembra que, há um tempo atrás, eu falei aqui no blog que voltaria a falar sobre os mistérios da memória? Pois é. Esse é um assunto que me interessa e me intriga muito. Para um médico ou para um outro cientista qualquer talvez seja fácil. Mas para mim, simples mortal, é dificílimo compreender onde e como o cérebro armazena, por tanto tempo e com tanta riqueza de detalhes, as experiências vividas. Hoje tive uma prova cabal de como se mantém eficaz, mesmo com quarenta e seis anos de existência, o meu arquivo de memória. Não sei quantos gigas ele tem, mas, que funciona bem, funciona. Estou em Porto Alegre, hospedado na casa da minha irmã, e hoje pela manhã precisei ir a uma agência bancária, há poucas quadras daqui. No caminho passei por uma rua que, lembrei, era a rua onde morava meu tio-avô, também já citado aqui no blog, Tio Nerinho. Pois bem, na volta do banco resolvi ir até o prédio onde Tio Nerinho morava. Fiquei bastante emocionado e, ao mesmo tempo, impressionado. Os mecanismos da memória entraram em ação com tal eficácia que as lembranças foram se sucedendo de maneira muito clara e, praticamente, palpáveis. Lembrei com detalhes da primeira vez que vim a Porto Alegre, com cinco anos de idade, acompanhando minha mãe que iria fazer um tratamento médico. Ficamos hospedados na casa do meu tio. O prédio continua igual, um daqueles edifícios dos anos sessenta, com pastilhas, que adoro. A única diferença é que a fachada, antes aberta, agora é toda gradeada. (Foi-se o tempo em que os prédios tinham somente a porta de vidro separando-os da rua). Mas vamos às lembranças. Eu vinha de Soledade, uma pequena cidade do interior, pela primeira vez à capital, uma cidade grande, com muitas novidades pra um garoto interiorano de apenas cinco anos. Lembrei com detalhes do painel do interfone do prédio, e da minha surpresa ao escutar a voz da minha tia através dele. E, o mais impressionante: lembrei do elevador, com todos os detalhes do painel, da sensação de medo que tive ao andar nele, com o chão me faltando aos pés pela primeira vez na minha pequena vida de cinco anos. Lembrei do cheiro do elevador! Lembrei também do cheiro que a rua tinha pra mim, na época acostumado com o ar puro do interior. Lembrei de cada aposento do apartamento, do cheiro de várias coisas e da luz entrando pelos furinhos da persiana, à noite, quando íamos deitar. Parado por alguns poucos minutos em frente ao prédio da Rua André Puente, fui transportado para um passado muito distante, com tamanha riqueza de detalhes que me pareceu estar assistindo a um filme em 3d. O carro do Tio Nerinho, um DKW marron, o barulho do motor do DKW, o cheiro do charuto do Tio Nerinho, as escadas rolantes das Lojas Americanas, o brinquedo incrível que ganhei da minha mãe: a corrida mágica, que era um míni-tobogã de plástico no qual desciam cápsulas que continham um chumbinho no seu interior. Cada cápsula era de uma cor, eu e meus primos escolhíamos cada qual a sua e ficávamos torcendo pra que ela fosse a primeira a cruzar a linha de chegada...O autorama do meu primo Serginho, seu forte apache com índios, soldados americanos e, novidade total para mim: camelos e beduínos árabes! Beduínos ou tuaregs, não sei como se chamavam. Mas eram lindos, tinham mantos coloridos amarrados à cabeça...Agora, enquanto digito, estou lembrando das marcas dos brinquedos: Estrela, Troll, Atma. Lembro do slogam: “A Atma é ótima!”... Onde estavam todos esses dados, quietos, adormecidos, que foram despertados pela simples visão de um edifício? Eu li na Veja uma matéria sobre o assunto, falando, inclusive, a região do cérebro onde os dados são armazenados. Mas é abstrato demais para mim. Acho que a minha placa não permite compreensões assim tão complexas. Provavelmente amanhã ou depois esses dados todos já estejam novamente lá, no meu HD, arquivados, à espera de um pendrive ou de um cabo USB para serem novamente exibidos. Vai saber...
Lembra que, há um tempo atrás, eu falei aqui no blog que voltaria a falar sobre os mistérios da memória? Pois é. Esse é um assunto que me interessa e me intriga muito. Para um médico ou para um outro cientista qualquer talvez seja fácil. Mas para mim, simples mortal, é dificílimo compreender onde e como o cérebro armazena, por tanto tempo e com tanta riqueza de detalhes, as experiências vividas. Hoje tive uma prova cabal de como se mantém eficaz, mesmo com quarenta e seis anos de existência, o meu arquivo de memória. Não sei quantos gigas ele tem, mas, que funciona bem, funciona. Estou em Porto Alegre, hospedado na casa da minha irmã, e hoje pela manhã precisei ir a uma agência bancária, há poucas quadras daqui. No caminho passei por uma rua que, lembrei, era a rua onde morava meu tio-avô, também já citado aqui no blog, Tio Nerinho. Pois bem, na volta do banco resolvi ir até o prédio onde Tio Nerinho morava. Fiquei bastante emocionado e, ao mesmo tempo, impressionado. Os mecanismos da memória entraram em ação com tal eficácia que as lembranças foram se sucedendo de maneira muito clara e, praticamente, palpáveis. Lembrei com detalhes da primeira vez que vim a Porto Alegre, com cinco anos de idade, acompanhando minha mãe que iria fazer um tratamento médico. Ficamos hospedados na casa do meu tio. O prédio continua igual, um daqueles edifícios dos anos sessenta, com pastilhas, que adoro. A única diferença é que a fachada, antes aberta, agora é toda gradeada. (Foi-se o tempo em que os prédios tinham somente a porta de vidro separando-os da rua). Mas vamos às lembranças. Eu vinha de Soledade, uma pequena cidade do interior, pela primeira vez à capital, uma cidade grande, com muitas novidades pra um garoto interiorano de apenas cinco anos. Lembrei com detalhes do painel do interfone do prédio, e da minha surpresa ao escutar a voz da minha tia através dele. E, o mais impressionante: lembrei do elevador, com todos os detalhes do painel, da sensação de medo que tive ao andar nele, com o chão me faltando aos pés pela primeira vez na minha pequena vida de cinco anos. Lembrei do cheiro do elevador! Lembrei também do cheiro que a rua tinha pra mim, na época acostumado com o ar puro do interior. Lembrei de cada aposento do apartamento, do cheiro de várias coisas e da luz entrando pelos furinhos da persiana, à noite, quando íamos deitar. Parado por alguns poucos minutos em frente ao prédio da Rua André Puente, fui transportado para um passado muito distante, com tamanha riqueza de detalhes que me pareceu estar assistindo a um filme em 3d. O carro do Tio Nerinho, um DKW marron, o barulho do motor do DKW, o cheiro do charuto do Tio Nerinho, as escadas rolantes das Lojas Americanas, o brinquedo incrível que ganhei da minha mãe: a corrida mágica, que era um míni-tobogã de plástico no qual desciam cápsulas que continham um chumbinho no seu interior. Cada cápsula era de uma cor, eu e meus primos escolhíamos cada qual a sua e ficávamos torcendo pra que ela fosse a primeira a cruzar a linha de chegada...O autorama do meu primo Serginho, seu forte apache com índios, soldados americanos e, novidade total para mim: camelos e beduínos árabes! Beduínos ou tuaregs, não sei como se chamavam. Mas eram lindos, tinham mantos coloridos amarrados à cabeça...Agora, enquanto digito, estou lembrando das marcas dos brinquedos: Estrela, Troll, Atma. Lembro do slogam: “A Atma é ótima!”... Onde estavam todos esses dados, quietos, adormecidos, que foram despertados pela simples visão de um edifício? Eu li na Veja uma matéria sobre o assunto, falando, inclusive, a região do cérebro onde os dados são armazenados. Mas é abstrato demais para mim. Acho que a minha placa não permite compreensões assim tão complexas. Provavelmente amanhã ou depois esses dados todos já estejam novamente lá, no meu HD, arquivados, à espera de um pendrive ou de um cabo USB para serem novamente exibidos. Vai saber...
esse post também me fez lembrar de coisas que estavam adormecidas há anos na minha memória: o tobogã de cápsulas, por exemplo, geeente...eu também tinha "a corrida mágica"!!! e "a atma é ótima"...hahahaha...isso é do tempo da minha primeira "monareta"!!!
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