segunda-feira, 18 de abril de 2011


METRO

Eu adoro andar de metro. É incrivelmente mais rápido do que qualquer outro meio de transporte urbano. Pena que aqui em São Paulo, uma cidade cujo trânsito praticamente não anda, ainda haja tão poucas linhas. Mas isso já está mudando. Semana passada conheci a nova linha do metro de São Paulo, a linha quatro, amarela. Que, por enquanto, está operando de segunda à sexta-feira, das oito às quinze horas. Minha professora de canto, Cida Moreira, mudou-se para o bairro do Butantã e, como retomei minhas aulas, usei o metro para ir até lá. Fiquei impressionado. Além de ultra-rápido – levei oito minutos da Paulista até o Butantã – é moderníssimo. Não parece que você está no Brasil. Ou, pelo menos, não no presente. O futurismo impera nos trens e nas estações. O que mais me impressionou foi que no trem não havia condutor: Ele é totalmente automático ou, sei lá, se move por controle remoto. Fiquei bem na frente, onde seria a cabine do condutor, e só tinha janelas, que davam para o túnel sem fim. Senti um pouco de medo, confesso. Principalmente quando me imaginei passando por baixo do Rio Pinheiros...Mas o entusiasmo com a modernidade foi maior. Outra novidade é que os usuários são separados da via por portas de vidro que só abrem quando o trem chega, evitando acidentes. Igualzinho a algumas linhas do metro de Paris. Fiquei lembrando da primeira vez que andei de metro na vida. Foi aqui mesmo, em São Paulo, quando eu tinha onze anos e vim conhecer a cidade com meus avós. Era na década de setenta e o metro tinha inaugurado recentemente. Dar uma volta nele era o máximo. Imagine para uma criança do interior do Rio Grande do Sul... De Soledade, mais especificamente. Quando morei em Paris usava o metro direto. Mas lá tem uma estação em cada esquina. Você pode ir a absolutamente todos os lugares da cidade de metro. Em minutos você percorre Paris inteira. Mas o deles foi inaugurado em 1900... Ou seja, é uma outra história. Uma vez, durante a guerra do Golfo, uma certa paranóia rondava a cidade, com revistas em bolsas nas entradas dos edifícios públicos e um certo pavor nas estações de metro, com orientações constantes sobre objetos abandonados que poderiam ser bombas. Voltava eu para casa no meu bom metro lotado quando houve uma discussão entre dois homens seguida de um jato de gás lacrimogênio. Foi uma confusão, gente se empurrando, gritos, lágrimas nos olhos, e eu, completamente apavorado, saí aos prantos do vagão achando que ia morrer... Em agosto do ano passado, quando meu amigo João Faria, que mora em Paris, veio me visitar, conheci a estação Alto do Ipiranga, quando fui levar meu amigo ao museu. Também é muito bonita e moderna. Acho que sou a única pessoa que conheço que não tem automóvel aqui em São Paulo. Sou pedestre com muito orgulho e, sempre que posso, utilizo o metro como meio de transporte. Espero que eu ainda viva pra ver a cidade ter tantas linhas e estações quanto as do metro de Paris... Mas isso já é sonho e, como diz a canção de Paula Toller, sonhar não custa nada. Por enquanto, tenho mais uma motivação para ir às aulas de canto: Andar no novo metro!

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