TATUAGEM
Não, não tenho nenhuma tatuagem.As únicas marcas que trago no corpo são as de nascença e as que o tempo se encarregou de deixar. O que já não é pouco... Há um certo tempo atrás, isso faria de mim o mais comum dos mortais. Igual a milhares de outros. Hoje, é exatamente o contrário: Me sinto a mais diferenciada das criaturas... Não tenho sequer um único furo na orelha! O uso de tatuagens no corpo cresceu tanto nos últimos tempos que acabou virando mais do que moda: Uma obrigação. Como assim? Você não tem nenhuma tatuagem? Que estranho... Ora, a idéia não era justamente ser diferente da maioria, ser, digamos, original? Como, se hoje todo mundo está tatuado? Ok, os desenhos diferem. Os traços e as figuras também. Mas, se você cobre o braço inteiro ou metade dele de tatuagens, como todos agora fazem, não acaba ficando tudo igual? São milhares de mangas longas ou curtas estampadas pelos braços. Os detalhes que preenchem essas mangas podem ser diferentes, mas o resultado final é o mesmo... Ora, direis, ouvir estrelas. Certo perdeste o censo! E eu vos direi no entanto que vê-las, tatuadas em profusão, é possível nos ombros e cotovelos... Carpas com motivos japoneses também não se vê só no bairro da Liberdade. Inscrições em japonês e chinês também não... As que me irritam são as temáticas: Atores que tatuam as máscaras da comédia e da tragédia e músicos que tatuam claves de sol não dá... E os que tatuam os nomes de namorados e namoradas? Do jeito que os namoros e casamentos andam durando pouco, logo, logo essas pessoas não vão ter mais espaço no corpo! Gosto das frases: Meu amigo Ricardo K está virando um pergaminho ambulante, quase uma carta. E é bem legal. Uma vez outro amigo, Edson Cordeiro, adepto das tatoos, me disse: Se o seu corpo é um livro, você vai morrer em branco? E eu respondi: Meu corpo não é um livro. É um corpo! Aliás, Edson tem um belíssimo retrato de Maria Callas tatuado no braço. Mas é como diz a Grace, numa de suas personagens: Tatuagem é uma questão de inclusão social... E eu sigo excluído. Não to nem aí. Quando falo que não tenho, as pessoas estranham. Dizem: Jura? Nem umazinha, pequena? Não. Por incrível que possa parecer, não. Como as coisas se inverteram, não é? Antigamente, você tinha que explicar por que tinha uma tatuagem. Agora, você tem que explicar por que não tem... Tatuagem, pra mim, segue sendo a canção de Chico Buarque, cantada pela Elis recostada ao piano que Cesar Camargo Mariano tocava. Trocando olhares de cumplicidade. Que é pra te dar coragem pra seguir viagem quando a noite vem... Mas não sou careta ou preconceituoso. Acho a coisa mais linda uma tatuagem bem feita. Sei apreciá-las. Com moderação, bien sur. Mas não em mim. É como sempre digo: Não gosto de nada que fique pra sempre. Nem filho, nem tatuagem...
Na foto, a antológica capa do álbum Tatoo You, dos Stones.
Olá,Roberto. Espero não estar cometendo nenhuma gafe, mas penso que sejas tu o ator que vi nos vídeos do youtube, fazendo o cupido e Betina Botox.Não resisti e sai pelo google pra fuçar, saber quem era aquele excepcional ator. Que surpresa me deparar com teu blog e mais surpresa ainda com teu texto inteligente e verdadeiro.Também não tenho tatoo e me senti confortada após ler-te.E além de confortada fiquei caidinha por ele, pelo fato de teres feito alusão ao Príncipe dos Poetas,o genial Bilac.
ResponderExcluirGanhaste uma fã pelotense.
Se tiveres coragem,dê uma passadinha no meu bloguinho pra ver minhas poesias.
Um beijo doce, menino talentosíssimo.
milene sarquissiano
Obrigado, Milene! Bem vinda ao blog...Amo sua cidade, Pelotas. Bjos.
ResponderExcluirMinha filha Joana, a quem amo e admiro muito, tem uma tatuagem no braco inteiro.Isto faz parte dela, da personalidade e forma de ser....o que aprendi a apreciar tambem. Estou convicta que devo e farei uma pequena joaninha em alguma parte especial do meu corpo logo, logo.
ResponderExcluirComo fui citado no texto me sinto na obrigação de comentar aqui...rsrs
ResponderExcluirTudo começou com um desenho minusculo no meu pulso e aos poucos tomou conta dos braços inteiros. As frases vieram depois e logo mais chegarão outras...
Claro que gosto de toda parte estética que as tatuagens me oferecem mas antes de tudo elas dizem muito sobre mim. E confesso tbm que aquele barulho da maquina batendo a agulha e aquela dor aguda me causam uma excitação inexplicavel...Adorei seu texto. Bjo