LOIRAS GELADAS
Não é propriamente de cerveja que desejo falar aqui, mas do universo masculino/heterossexual comumente relacionado a ela pela publicidade. Eu não sou grande apreciador das loiras geladas - sempre preferi vinho e champanhe - mas não consigo entender por que os comerciais insistem em associar cerveja a bofes que só pensam em futebol, praia e mulher. E são, na maioria dos casos, machistas e preconceituosos. Eu fico me perguntando, a cada nova campanha que vejo na TV, se os seus criadores ignoram que gays e mulheres também bebem cerveja. Será que nunca foram, por exemplo, a um barzinho destinado a meninas gays pra ver os montes de garrafas sobre as mesas? Principalmente naqueles que tem música ao vivo... Isso sem falar que relacionam o consumo de cerveja a atletas de alta performance, como se fosse possível se consumir cerveja e manter a forma. E os comerciais que comparam os bebedores de cerveja a guerreiros? Por Deus, qual é o link possível? Outra coisa que não consigo entender é o que leva garotas bonitas a participarem dessas campanhas machistas, geralmente usando muito pouca roupa e sendo retratadas como burras. O cachê, dirão alguns. Mas, pelo que eu me lembre, dos tempos em que fazia publicidade, os cachês andam bem mixurucas. Principalmente para desconhecidos, que, aliás, participam diariamente de milhares de testes para pegar um filme aqui e outro acolá. E a Ivete Sangalo? Bom, essa, pelo jeito, não teria o menor pudor de vender a mãe, se fosse o caso. Pois todas as suas músicas são transformadas em jingles de campanhas publicitárias sem o menor constrangimento. Algumas campanhas beiram o absurdo, com rapazes que preferem ser deixados sobre um iceberg em alto mar, após um naufrágio, a serem salvos sem poder levar as suas cervejas. Outros cavam um buraco que atravessa a terra até o Japão para buscá-las!! E a bebabilidade? E a churrascabilidade? E o Zeca Pagodinho dizendo que a bola procura o craque? Só se o craque a que se refere for a droga... Gostaria muito de conhecer um desses criadores de campanhas de cerveja. Só pra saber se pensam assim mesmo ou se tudo não passa de – odeio essa palavra – Marketing. Essa relação equivocada do consumo de cerveja com o grau de masculinidade deve certamente influenciar meninos a começarem a beber mais cedo para afirmar sua macheza... As musas de Hitchcock nunca imaginariam que sua alcunha pudesse um dia servir a propósitos tão pouco nobres... Mil vezes a canção do RPM!
Na foto, Grace Kelly em Janela Indiscreta, do mestre Hitchcock.
Não é propriamente de cerveja que desejo falar aqui, mas do universo masculino/heterossexual comumente relacionado a ela pela publicidade. Eu não sou grande apreciador das loiras geladas - sempre preferi vinho e champanhe - mas não consigo entender por que os comerciais insistem em associar cerveja a bofes que só pensam em futebol, praia e mulher. E são, na maioria dos casos, machistas e preconceituosos. Eu fico me perguntando, a cada nova campanha que vejo na TV, se os seus criadores ignoram que gays e mulheres também bebem cerveja. Será que nunca foram, por exemplo, a um barzinho destinado a meninas gays pra ver os montes de garrafas sobre as mesas? Principalmente naqueles que tem música ao vivo... Isso sem falar que relacionam o consumo de cerveja a atletas de alta performance, como se fosse possível se consumir cerveja e manter a forma. E os comerciais que comparam os bebedores de cerveja a guerreiros? Por Deus, qual é o link possível? Outra coisa que não consigo entender é o que leva garotas bonitas a participarem dessas campanhas machistas, geralmente usando muito pouca roupa e sendo retratadas como burras. O cachê, dirão alguns. Mas, pelo que eu me lembre, dos tempos em que fazia publicidade, os cachês andam bem mixurucas. Principalmente para desconhecidos, que, aliás, participam diariamente de milhares de testes para pegar um filme aqui e outro acolá. E a Ivete Sangalo? Bom, essa, pelo jeito, não teria o menor pudor de vender a mãe, se fosse o caso. Pois todas as suas músicas são transformadas em jingles de campanhas publicitárias sem o menor constrangimento. Algumas campanhas beiram o absurdo, com rapazes que preferem ser deixados sobre um iceberg em alto mar, após um naufrágio, a serem salvos sem poder levar as suas cervejas. Outros cavam um buraco que atravessa a terra até o Japão para buscá-las!! E a bebabilidade? E a churrascabilidade? E o Zeca Pagodinho dizendo que a bola procura o craque? Só se o craque a que se refere for a droga... Gostaria muito de conhecer um desses criadores de campanhas de cerveja. Só pra saber se pensam assim mesmo ou se tudo não passa de – odeio essa palavra – Marketing. Essa relação equivocada do consumo de cerveja com o grau de masculinidade deve certamente influenciar meninos a começarem a beber mais cedo para afirmar sua macheza... As musas de Hitchcock nunca imaginariam que sua alcunha pudesse um dia servir a propósitos tão pouco nobres... Mil vezes a canção do RPM!
Na foto, Grace Kelly em Janela Indiscreta, do mestre Hitchcock.
eu como publicitário, concordo em genero e número e, em quase 30 anos de carreira, nunca cheirei uma, digo, nunca fiz uma campanha pra cerveja...rs... salvo raras exceçoes, acho todas muito pobres!
ResponderExcluirAdoro seu modo de ver as coisas!!
ResponderExcluirabs!
Genial!!! Eu, como mulher, me sinto sempre agredida com este tipo de anúncio e acho que os homens bacanas devem se sentir da mesma forma. Gostaria muito de perguntar para o pessoal de propaganda e marketing em que século o cérebro deles está!
ResponderExcluirMais um ótimo texto, Bob!
Bjks!
Recentemente vi uma propaganda da Heineken, com o título "Closet dos Sonhos", não tinha mulher pelada, nem famosos, nem samba, nem praia. Chorei de tanto rir com as expressões dos rapazes ao adentrar o tal closet dos sonhos. Tem no YouTube, é só postar o título.
ResponderExcluirMas um excelente texto Bob.