CHOVE LÁ FORA
Está chovendo muito aqui em São Paulo esse verão. Quando digo muito, quero dizer muito mais do que normalmente. Chega a ser um pouco aflitivo, parece que tudo vai desmoronar, afundar. Chuva intensa, caudalosa. Nunca gostei muito de dias chuvosos. Quando criança, não dormia com medo da chuva. Podia ser chuva fraca, sem raio nem trovão. Lembro que me prevenia colocando algodão nos ouvidos e, antes de deitar, fechava bem as janelas, as venezianas, persianas, cortinas, tudo o que pudesse fazer eu fazia para evitar o barulho da chuva, pois com ele não podia dormir. Tinha medo que o vento, a água, as forças da natureza, Deus, enfim, tudo o que eu não podia controlar, me tirassem o teto, a segurança, me descobrindo na minha mais frágil solidão e impotência diante da vida. E eu tombasse ferido, como um anjo caído durante uma chuva de pedra. Chuva de pedra. Anjo caído. Essa imagem me perseguiu durante anos. Quando não tinha jeito, e ela vinha forte, com raios e trovões, chamava minha mãe. Ela, então, queimava galhos bentos em formato de cruz para a chuva passar e ficava comigo até que eu conseguisse dormir... Graças a Deus, esse medo passou com o tempo. Até porque hoje eu não teria mais minha mãe para ficar do meu lado esperando a chuva passar... Mas isso era durante a noite. Porque de dia, a gente adorava brincar na chuva. Fazíamos barquinhos de papel e os jogávamos na enxurrada que corria rente ao meio fio da calçada. No verão, tomávamos banho de chuva. E isso eu continuei fazendo depois de adulto, em Porto Alegre. Morava próximo ao Parque da Redenção e, quando chovia, ia tomar meu banho de chuva no parque... Depois, quando chegava em casa, tomava uma dose de uísque pra esquentar... E os bolinhos de chuva? Que delícia passar a tarde comendo. Ontem choveu muito aqui em São Paulo. Alagou ruas. E hoje continua chovendo. A cidade está em estado de alerta. E eu, em estado de busca, aproveito para remexer gavetas, fotografias, guardados... Que sempre trazem lembranças. Como essa foto que ilustra o post, que foi tirada por meu amigo João Faria, numa noite chuvosa em Paris... À bientôt!
Está chovendo muito aqui em São Paulo esse verão. Quando digo muito, quero dizer muito mais do que normalmente. Chega a ser um pouco aflitivo, parece que tudo vai desmoronar, afundar. Chuva intensa, caudalosa. Nunca gostei muito de dias chuvosos. Quando criança, não dormia com medo da chuva. Podia ser chuva fraca, sem raio nem trovão. Lembro que me prevenia colocando algodão nos ouvidos e, antes de deitar, fechava bem as janelas, as venezianas, persianas, cortinas, tudo o que pudesse fazer eu fazia para evitar o barulho da chuva, pois com ele não podia dormir. Tinha medo que o vento, a água, as forças da natureza, Deus, enfim, tudo o que eu não podia controlar, me tirassem o teto, a segurança, me descobrindo na minha mais frágil solidão e impotência diante da vida. E eu tombasse ferido, como um anjo caído durante uma chuva de pedra. Chuva de pedra. Anjo caído. Essa imagem me perseguiu durante anos. Quando não tinha jeito, e ela vinha forte, com raios e trovões, chamava minha mãe. Ela, então, queimava galhos bentos em formato de cruz para a chuva passar e ficava comigo até que eu conseguisse dormir... Graças a Deus, esse medo passou com o tempo. Até porque hoje eu não teria mais minha mãe para ficar do meu lado esperando a chuva passar... Mas isso era durante a noite. Porque de dia, a gente adorava brincar na chuva. Fazíamos barquinhos de papel e os jogávamos na enxurrada que corria rente ao meio fio da calçada. No verão, tomávamos banho de chuva. E isso eu continuei fazendo depois de adulto, em Porto Alegre. Morava próximo ao Parque da Redenção e, quando chovia, ia tomar meu banho de chuva no parque... Depois, quando chegava em casa, tomava uma dose de uísque pra esquentar... E os bolinhos de chuva? Que delícia passar a tarde comendo. Ontem choveu muito aqui em São Paulo. Alagou ruas. E hoje continua chovendo. A cidade está em estado de alerta. E eu, em estado de busca, aproveito para remexer gavetas, fotografias, guardados... Que sempre trazem lembranças. Como essa foto que ilustra o post, que foi tirada por meu amigo João Faria, numa noite chuvosa em Paris... À bientôt!
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