sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


DITADOS POPULARES

Dizem que Deus ajuda a quem cedo madruga. Por isso hoje eu levantei bem cedo, antes mesmo do sol raiar, dei uma moeda pro mendigo no sinal, porque quem dá aos pobres empresta a Deus, só comi grãos o dia inteiro, porque de grão em grão a galinha enche o papo, e estou me segurando pra não rir até agora porque quem ri por último ri melhor. Bem, eu também procurei me manter de boca fechada, porque em boca fechada não entra mosca; pedi um monte de informações, porque quem tem boca vai a Roma; não quis ter nada, porque quem muito quer, tudo perde; dei um pouco, porque é dando que se recebe; não corri com o andor, porque o santo é de barro; bebi um pouco, pra não ir com muita sede ao pote, e agora eu vou dizer com quem ando pra vocês saberem quem eu sou. Olha, eu tenho andado só. Mas antes só do que mal acompanhado, não é verdade? Mas eu to tranqüilo, porque os últimos serão os primeiros, não há nada como um dia após o outro e mais vale um pássaro na mão do que dois voando... Afinal de contas, Deus, que é Deus, escreve certo por linhas tortas! Na verdade, ele também dá nozes a quem não tem dentes, fecha uma porta e abre uma janela (Não consigo imaginar Deus fazendo isso!), dá o frio conforme o cobertor e não dá asa à cobra... Eu adoro ditados populares. Nem que seja pra fazer tudo exatamente ao contrário. Analisando formalmente a expressão, ditado é aquela parte chata da aula em que a gente tem que escrever (sem colar) o que o professor fala. Aliás, foi um ditado que confirmou a eleição de Tiririca - um popular - como deputado. E populares são aquelas pessoas que moram em casas simples, com cadeiras nas calçadas e na fachada escrito em cima que é um lar. Brincadeira... O fato é que soa meio redundante, pra mim, chamar ditados de populares. Já imaginaram como seriam ditados eruditos, por exemplo? Quem com Stradivarius compõe, com Vivaldi será comparado. Ou: Os últimos serão os reitores. Ou, ainda, com quantos filósofos se constrói uma biblioteca? Minha mãe conhecia vários ditados e vivia repetindo um para cada situação. Adorava esse, que ela sempre usava quando estávamos tristes por ter brigado com alguém, amigos ou namorados: Vão-se uns amores, vem outros, não falta quem me queira bem! E é incrível como eles ficam gravados na memória. Estou sempre lembrando da minha mãe, proferindo algum ditado, diante de cada nova situação que a vida me apresenta. E, por falar em mãe, ela tinha vários relativos à sua condição materna, como: Depois que filhos pari, nunca mais minha boca enchi. Ou o famoso: Filhos criados, trabalhos dobrados. Realmente, sob essa ótica, ser mãe é padecer no paraíso. Por outro lado, há males que vem pra bem. E, felizmente, dias melhores virão! Por isso, quem nunca proferiu um único ditado, popular ou não, que atire a primeira pedra...

Na foto, o popular Tiririca, eleito por um ditado.

4 comentários:

  1. Na minha humilde opiniao, este foi o melhor texto que voce já escreveu no blog. Muito bom.

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  2. Adorei,estavas muuuito inspirado. Bjos

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  3. Se tu nao existisse, terias que ser inventado! Obrigada pela contribuicao na minha alegria diaria. Bjs, love you.

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