XICO BUARK
Essa grafia para o genial poeta e compositor foi inventada por Millor Fernandes e utilizada por Clarice Lispector na crônica “Xico Buark Me Visita”, do livro A Descoberta do Mundo, que foi, durante anos, meu livro de cabeceira e que já mereceu post especial aqui no blog. A Editora Abril lançou uma coleção de CDs com a obra de Chico Buarque. Serão vinte volumes. Digo volumes porque são pequenos livrinhos ilustrados, com biografia, discografia e painel da época em que o álbum foi lançado. O primeiro volume é o LP Chico Buarque, de 1978, cuja capa ilustra o post. Lembro muito desse disco e desse ano. Comprei o CD na sexta-feira e passei todo o fim de semana escutando e recordando. É incrível como minhas memórias sempre estão ligadas a uma trilha sonora. E é incrível também o quanto de música boa eu escutava, já na mais tenra idade. No ano de 1978 eu completei quinze anos de idade. Tinha acabado de me mudar para Porto Alegre para fazer o segundo grau. E o que eu mais gostava de ouvir, então, era Elis Regina, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Rita Lee, Milton Nascimento e, claro, Chico Buarque de Hollanda. Esse disco, em especial, eu gostava muito e era recheado de sucessos. Lembro que algumas canções, como Cálice e O Meu Amor, tinham acabado de ser liberadas pela censura, assim como Tanto Mar, que faz referência à Revolução dos Cravos, em Portugal. Nesse fim de semana eu fiz shows com a Terça Insana em Santo André, substituindo o ator Arthur Koll, e as nossas idas e vindas ao ABC foram embaladas pelas canções de Chico. Ontem à noite, depois do último dos cinco shows lotados que fizemos entre sexta-feira e domingo, a lua minguante enfeitava o céu, embaçado de poluição pelo baixo índice de umidade do ar, enquanto voltávamos para São Paulo ouvindo as maravilhosas canções de Chico. No álbum tem a canção Pedaço de Mim, que Chico canta em dueto com Zizi Possi, no auge da beleza e afinação vocal, que é de cortar os pulsos. O verso: A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu, é dos mais pungentes da MPB. E a minha preferida do disco, Pequeña Serenata Diurna, de Silvio Rodriguez. Tem Pivete, crônica-retrato do menor de rua do Brasil, que parece ter sido feita hoje. E Apesar de Você, genial metáfora utilizada para falar diretamente ao poder militar que proibia, justamente, que se falasse o que se pensava. Enquanto observava a noite de São Paulo e ouvia as canções, não conseguia deixar de lembrar da época em que o disco foi lançado. E só pensava no quanto tudo mudou. Pra melhor e pra pior. Jovens que éramos, tínhamos, além dos sonhos e ilusões que todos os jovens tem, acesso a esses artistas geniais, a toda uma intelectualidade que nos formava e nos servia de base. Eu não sei o que os jovens de hoje andam ouvindo, lendo ou assistindo no cinema, mas, pelo menos, SOA diferente. E muito pior. Ta certo, a gente não tinha internet. Mas a nossa informação não era tão fragmentada. Tudo tinha mais tempo para ser explorado, aprofundado, absorvido. Eu detesto a idéia de me transformar num velho saudosista, daqueles que dizem: No meu tempo era muito melhor! Não, não sou, não era. Meu tempo ainda é hoje. Mas, ao reescutar essas canções de Chico, não tem como não ficar comparando com o que temos hoje, pelo menos em termos de Música Popular Brasileira. E, desculpa aí, mas, cá entre nós, era muito melhor.
To louco pra encontar a Ópera do Malandro em CD. Alguém sabe onde tem?
To louco pra encontar a Ópera do Malandro em CD. Alguém sabe onde tem?
Roberto,
ResponderExcluirEu tenho a trilha sonora de A ÓPERA DO MALANDRO da versão do cinema de 1986. Se você quiser ir ouvindo enquanto procura o CD, você pode baixá-la clicando aqui (digitalizei os arquivos em alta qualidade).
A trilha desta versão:
"A Volta do Malandro" - A Gang
"Las Muchachas de Copacabana" - Elba Ramalho
"Tema de Geni" - Instrumental
"Hino da Repressão" - Ney Latorraca
"Aquela Mulher" - Edson Celulari
"Viver do Amor" - As Mariposas
"Sentimental" - Cláudia Ohana
"Desafio do Malandro"- Edson Celulari e Aquiles
"O Último Blues" - Cláudia Ohana
"Palavra de Mulher" - Elba Ramalho
"O Meu Amor" - Elba Ramalho e Cláudia Ohana
"Tango do Covil" - Os Muchachos
"Uma Canção Desnaturada" - Suely Costa
"Rio 42" - As Mariposas
"Pedaço de Mim" - Elba Ramalho e Edson Celulari
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Valeu, Luciano! Muitissimo obrigado.
ResponderExcluirSoy de Montevideo y estoy buscando la trilha sonora de opera do malandro, la versión del cine. Tuve un cassette pero se perdió. ¿Podrían pasarme un link para obtenerlo?
ResponderExcluirMuy agradecido. mi correo es: brujuladigital@adinet.com.uy