quarta-feira, 6 de novembro de 2024
CAIO EM NOVEMBRO (E SEMPRE)
O mês de novembro chegou acelerado, rumo ao fim de mais um ano que passou voando. Me pergunto se vai ser para sempre assim ou se vai acelerar cada vez mais. Acho que mais do que isso eu não daria conta. Tipo áudio do whatsapp na velocidade 2; ou aqueles avisos de comercial de remédio que dizem em ritmo frenético: Esse medicamento é contraindicado em caso de suspeita de dengue; se persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado... O bom é que novembro trouxe de volta a cartaz meu espetáculo solo Caio em Revista, que estreou em maio em curtíssima temporada no Teatro Viradalata, e agora reestreou no pequeno e adorável Mi Teatro. O Mi Teatro parece uma casinha de boneca, acolhe o ator e a plateia em uma espécie de comunhão; uma relação que eu ainda não havia experimentado em quase quarenta anos de carreira no teatro. Fica-se tão próximo do público, fala-se olhando nos olhos dos expectadores. Foi muito emocionante para mim. Fiquei lembrando de quando vi Rubens Correa fazendo Artaud em seu antológico solo no porão do Teatro Ipanema no Rio. A gente se sentia desnudado pelos olhares intensos e penetrantes desse saudoso e maravilhoso monstro sagrado do teatro. Guardadas todas as devidas proporções, evidentemente... Não me lembro se já falei aqui no blog, mas vale relembrar: Meu solo Caio em Revista, com direção do mestre Luís Artur Nunes, reúne textos inéditos de Caio Fernando Abreu, que foram escritos especialmente para revistas paulistanas dos anos oitenta, principalmente a AZ e a Around, de Joyce Pascowitch. Nessas publicações ele se permitia ser leve, engraçado e irônico, sem aquela densidade e profundidade características de seus escritos em livros. Mas com muita crítica e ironia afiada. Alguns destes textos ele assina com o pseudônimo feminino Nadja de Lemos. E, nesse momento do espetáculo, me transformo em cena, à vista da plateia, na ferina personagem feminina, alterego do escritor, que discorre sobre conceitos como Naja, Sexo e Gentalha. Um deleite! Quem conheceu Caio pessoalmente sabe que ele era divertidíssimo. Quem o conhece apenas da literatura o associa às densas profundidades da alma. E tudo isso se amalgama no ser humano maravilhoso que ele era. Que bom que deixou vasto legado para gerações futuras. Se é que as gerações futuras se interessarão... Interrompo a temporada para uma viagem já previamente agendada e retorno ao palco do Mi Teatro no dia 19/11 onde fico até 17/12, sempre às terças-feiras, às 20 horas. Essa pequena joia que é o Mi Teatro pertence à atriz e empresária Mara Carvalho e está sob a batuta da multitalentosa Patrícia Vilela, que vem a ser a nossa produtora (com sua companhia e produtora Colaatores) e assistente de direção. Venham se despedir de 2024 conosco! Digo conosco porque teatro, mesmo quando se trata de um espetáculo solo, nunca se faz sozinho. Somos uma equipe, um time, uma família. Que o mês de novembro nos seja leve...
Nas fotos de Rafa Marques o Narrador/Caio e seu ferino alterego Nadja de Lemos.
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Caríssimo, fico aqui na torcida para que esse espetáculo tenha vida longuíssima e que possa ser apresentado Brasil à fora, e quem sabe uma temporada em Portugal e outra em Paris.
ResponderExcluirAmém, Odilon! Amém, axé, oxalá, evoé!
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