sábado, 10 de fevereiro de 2024

CARMEN, CARNAVAL, ET CÆTERA

Ontem foi o dia do aniversário de Carmen Miranda. Sempre é tempo de render-lhe homenagens. Carmen foi uma das maiores artistas brasileiras de todos os tempos (embora fosse portuguesa de nascimento). Seu sucesso internacional foi tamanho que fez com que alguns brasileiros ficassem magoados com ela, achando que ela tivesse trocado o Brasil pelos "States"(o que eu faria sem a menor culpa). Mas, felizmente, ela explicou a questão na canção Disseram que eu Voltei Americanizada, e tudo voltou ao normal... Amo Carmen desde a mais tenra idade, principalmente por ela ser a minha primeira memória musical: Uma das minhas lembranças mais antigas é minha mãe cantando Camisa Listrada, hit da Pequena Notável, e eu pedindo: Mãe, canta sossega leão! Minha mãe era fã de carteirinha de Carmen. E sempre contava que ela pediu para ser enterrada de tailleur vermelho, com baton e unhas pintadas de vermelho também. Adoro o suingue e a malemolência de Carmen, sem falar dos looks pra lá de avant-garde. Nunca me esqueço de quando, aos dezesseis anos de idade, fui assistir ao show Feitiço, de Ney Matogrosso e, num dado momento do show, ele entrava em cena de turbante cantando O Tique-taque do Meu Coração... A biografia de Carmen escrita por Ruy Castro é um dos meus livros preferidos. Sou encantado pela personalidade dessa mulher totalmente à frente de seu tempo. Adoro a passagem em que sua mãe, cansada de ouvir Carmen destilar palavrões, pergunta: "Minha filha, porque você não diz apenas ai Jesus?"... Quando estava no Rio de Janeiro, em cartaz com a Terça Insana, tive a oportunidade de visitar o museu dedicado à memória de Carmen Miranda. É lindo, mas ao mesmo tempo dá pena de ver que todo o legado dessa grande artista se resuma a alguns vestidos e balangandãs. Carmen merecia muito mais. Católica fervorosa que era, nunca se permitiu se divorciar do marido americano. E ele, nada bobo, acabou ficando com todo o patrimônio de Carmen que, como sabemos, não era pequeno... Aproveito o dia de seus anos, que é também aniversário do meu amigo e grande cantor Edson Cordeiro, para manifestar meu apreço e minha admiração por essa grande artista que projetou o Brasil para o mundo através de seu imenso talento. Pequena Notável, Brasilian Bombshell, ícone gay, Carmen faz juz a todas essas alcunhas. E agora, nesse período de carnaval, nada melhor do que relembrar seus hits, marchinhas carnavalescas que ela imortalizou na memória auditiva dos brasileiros. Como Balancê, regravada por Gal Costa nos anos oitenta e que foi hit também na voz da já saudosa Gal... Eu, como venho fazendo nos últimos anos, fico em casa lembrando dos carnavais que passaram, ouvindo muita música brasileira e, claro, tomando meus bons drinks. Bon carnaval à tous! Nas fotos, três looks baphônicos da Pequena Notável, que de pequena não tinha nada.

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