Sempre que estou sentindo muita vontade de estar em Paris, como agora está sendo o caso, acabo descobrindo algum programa para fazer aqui em São Paulo mesmo que me remeta à capital francesa. No último fim de semana esse programa foi uma visita ao Palacete Dona Veridiana, que fica na esquina da rua de mesmo nome com a Avenida Higienópolis. A construção do século dezenove foi residência da proprietária e atualmente abriga a sede paulistana do Iate Clube de Santos. Fui recebido pelo seu administrador, Augusto, que com muita simpatia me mostrou as dependências enquanto me colocava a par de alguns detalhes da vida da ilustre moradora. Dona Veridiana da Silva Prado, uma dama da alta sociedade paulistana, era uma mulher totalmente à frente de seu tempo. Ficou mal vista e mal falada pela conservadora São Paulo de então por ter tido a coragem de se separar do marido e por abrir as portas de sua casa para receber artistas, políticos e intelectuais em memoráveis saraus que deviam sacudir a ainda tímida Pauliceia... Depois de passar uma temporada na frança, Veridiana encantou-se com os salões de Paris e decidiu que construiria o seu próprio salão por aqui. Munida de uma planta feita por um arquiteto francês voltou trazendo no navio quase todo o material com o qual construiria o seu sonho: Mármores, vitrais, tijolos, lustres, esquadrias e tudo o mais. E, obviamente, tombou com a caipirada... Visitar essa relíquia hoje em dia é um pouco como conhecer um Hôtel Particulier francês. Só que lá eles são inteiramente conservados e muitos viraram museus abertos à visitação, como é o caso do Musée Jacquemart-André, um dos meus preferidos. Aqui no palacete em questão pouco do original foi mantido, houve reformas, adaptações para a instalação do clube, e o que restou para ser visto foi basicamente o andar térreo. Os aposentos superiores nem se pode visitar. Mas ainda assim há muitas coisas lindas para se ver como o jardim com fonte e lago de carpas, os cisnes negros, a pintura de Almeida Junior no teto de um dos salões e a Diana de Brecheret no hall de entrada. A mansão de estilo renascentista francês, que em 2001 foi tombada pelo Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo, já recebeu hóspedes ilustres como o imperador Dom Pedro II e a Princesa Isabel. Grande incentivadora das artes, Veridiana da Silva Prado faleceu em 1910, aos oitenta e cinco anos, em seu palacete. Seu primogênito, Antônio da Silva Prado, foi o primeiro prefeito de São Paulo. Saí de lá com vontade de voltar no tempo e ser amigo dela. Para ter o privilégio de frequentar essa casa que abrigou tantas histórias...
Nas fotos, as entradas frontal e lateral da casa, recanto em um dos salões e a Diana de Brecheret no hall principal.
terça-feira, 4 de junho de 2019
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