sábado, 1 de junho de 2019

ELECTRA

O mês de junho chegou trazendo uma novidade quente: Electra, o novo álbum de Alice Caymmi. Alice é uma cantora que me chamou a atenção desde a primeira vez que a ouvi cantar. O sobrenome de peso dispensa apresentações. E o enorme talento faz jus à cepa da qual ela descende. Me encantei de cara pelo segundo álbum da jovem cantora, cujo título era Rainha dos Raios, extraído da canção Iansã, de Gil, que Maria Bethânia gravara no antológico álbum Drama. No terceiro álbum ela descambou para um pop meio eletrônico meio comercial sobre o qual nem posso opinar porque me recusei a prestar atenção. Agora, com esse belíssimo Electra, ela reafirma a que veio. Tipo mostra como é que se faz. E como faz bem! Alice lembra Maysa, mas não somente ela: Tem toques de Ângela Ro Ro e pitadas da tia Nana Caymmi... O álbum - todo em piano e voz - resgata pérolas da música popular brasileira em versões totalmente autorais. Que deleite ouvir Alice cantando Fracassos, de Fagner. Ou Diplomacia, de Maysa. Ou Me Deixe Mudo, de Walter Franco. Ou a irreconhecível Pelo Amor de Deus, de Tim Maia... Ela se apropria das canções e as recria de tal forma que passam a parecer suas. Faz tempo que me apaixonei por essa jovem cantora e venho dizendo: Alice Caymmi é a melhor coisa da música popular brasileira atual. Se não for a única. Cheia de potência, vibrante, emocional, intensa, para dizer o mínimo. Mas sou suspeito para falar, pois já sou fã. E fã, sabe como é... Tia Nana, que alfinetou a sobrinha na polêmica entrevista que concedeu ao Estadão quando do lançamento do álbum com músicas de Tito Madi (outra joia rara), deve estar muito feliz e contente com esse resgate. O pianista Itamar Assiere encorpa as composições, conferindo-lhes relevância e profundidade. Ainda que Alice resolvesse cantar algo como, sei lá, Claudinho & Buchecha, ao som do piano de Itamar soaria magnífico... Ouvindo essa beleza de álbum não há como não lembrar do icônico Voz e Suor, de sua tia Nana e Cesar Camargo Mariano. Com Electra, Alice mostra que pode fazer o que bem entender com o vozeirão que Deus lhe deu. E deixa claro que quem sai aos seus não degenera...
Na foto, a capa do álbum. A meu ver a única referência ao mito grego do título. Louco pra assistir ao show!

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