terça-feira, 4 de dezembro de 2018

GIL, SONS & PALAVRAS

Minha paixão por Gilberto Gil é antiga, mas foi totalmente reaquecida por seu programa Amigos, Sons e Palavras, no Canal Brasil. Adoro ver Gil entrevistar seus convidados. Na verdade ele divaga sobre as coisas da vida enquanto conversa com a pessoa, e acaba que o próprio entrevistador se revela a melhor coisa da entrevista. Gil tem a sabedoria dos que já viveram quase tudo. Nada parece ser novidade para ele. As novidades, ele já antevira todas lá atrás, nos longínquos sessenta, setenta... E nesse esteio eis que veio seu show Ok Ok Ok para São Paulo e, graças à generosidade da minha amiga Andresa Espagnolo, fui assisti-lo. O que mais me encanta nesse genial compositor, além obviamente da música, é a sua incrível habilidade com as palavras. Mais que um poeta, como muitas vezes é chamado, Gil tem com as palavras a intimidade de um escritor. Há no seu olhar algo que me ilude... Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido... Lembro que o vi pela primeira vez no show Realce, com aquelas adoráveis trancinhas coloridas, no Teatro Leopoldina, em Porto Alegre, nos idos de 1979... Depois, nos oitenta, já na fase de shows em ginásios, lembro de ter assistido a Um Banda Um no Gigantinho, também na capital gaúcha. Fui tão cedo para o local que acabei assistindo também à passagem de som... Mas, voltando ao show Ok Ok Ok: Uma noite inesquecível. Plateia lotada, Gil firme e forte no palco, acompanhado de três de seus filhos: Ben, João e Nara. Uma banda linda, arranjos sofisticados e uma luz de sonho no belo cenário de Luiz Zerbini. Um presente de Natal. Sentado no começo do show, Gil fica em pé na segunda parte para empunhar a guitarra e levantar a plateia do Teatro Bradesco. Há no seu olhar algo surpreendente: Como o viajar da estrela cadente... Saí de lá com uma vontade incontrolável de escutar todas as suas músicas. O que já venho fazendo há quase uma semana... Remexi guardados, encontrei velhos elepês e até as fotos que fiz dele no show Realce em Porto Alegre. Há no seu olhar algo de saudade: De um tempo ou lugar na eternidade... E quanto mais o ouço cantar, mais repito para mim mesmo: Eu quisera ter tantos anos-luz quantos fosse precisar para cruzar o túnel do tempo do seu olhar...
Nas fotos, três instantes do show Realce captados por minha Olympus Trip 35 no Teatro Leopoldina.

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