terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

MEMÓRIAS INSANAS CAPÍTULO 3

DE LISBOA AO RIO E DEPOIS BRASIL
Em outubro de 2004 a Terça Insana foi convidada a participar do Rir, Festival Internacional de Humor de Lisboa. O convite foi aceito, negociado e realizado pela empresária e produtora Cecília Dantino, que nos acompanhou à Terrinha. Éramos o único espetáculo a se apresentar nas três noites do festival. As outras atrações variavam com os dias e horários. Foi muito surpreendente e interessante, para todos nós, perceber o quanto nosso humor e nossos personagens funcionavam em outro país. Apesar de ser um país de língua portuguesa como o Brasil, em Portugal se imprime sentidos diferentes a várias palavras que são comuns aos dois países. Isso nos obrigou a uma rápida adaptação de termos, expressões e referências, que acabaram conferindo certa cor local ao show e aos personagens. As três apresentações estiveram lotadas e o público português recebeu muito bem nosso espetáculo. Nesse festival integraram o elenco Grace Gianoukas, Marcelo Mansfield, Otavio Mendes e eu. Quando voltamos de Portugal estreamos nossa temporada no Rio de Janeiro. A princípio era para ser apenas doze apresentações, de sexta a domingo, durante um mês. O sucesso foi tamanho que renovamos a temporada várias vezes e acabamos ficando seis meses em cartaz, com absoluto sucesso, no Teatro do Leblon. Essa temporada no Rio (Assim como as primeiras viagens da primeira turnê nacional) teve produção local de Beta Leporage. No ano de 2001 eu havia trabalhado como ator em um espetáculo chamado É Vinte, As Folias do Século, com direção de Zé Henrique de Paula, no qual contracenava com Clarissa Rockemback, também produtora, de quem fiquei muito amigo e que é enteada da Beta. Clarissa ia com freqüência nas primeiras apresentações da Terça Insana no Next e, quando estávamos nos apresentando nos finais de semana de julho de 2003 no antigo Tom Brasil, ela trouxe Beta para nos assistir. Beta adorou o que viu e o convite foi feito e aceito. Adoro essa nossa “fase carioca”. Íamos todas as sextas-feiras para o Rio e lá permanecíamos até segunda-feira pela manhã, quando retornávamos a São Paulo para preparar o show de terça-feira. Diferentemente do restante do elenco, que ficava hospedado em um hotel em Botafogo, eu ficava na casa da minha amiga Shala Felipe que, na ocasião, morava em Ipanema, de onde eu podia ir a pé para o teatro, que ficava no Leblon. Através da Beta conhecemos Marília Pera, sua vizinha e amiga, que nos convidou para a festa de seu aniversário. Esse aniversário da Marília é uma das melhores e mais incríveis lembranças que tenho da nossa temporada carioca. A casa parecia uma constelação, tal a quantidade de estrelas que vieram para parabenizar a diva. Tônia Carrero, Regina Duarte, Zezé Motta e Leda Nagle, para citar algumas. Tivemos direito, inclusive, a um show: Cada amiga preparou um pequeno numerito em homenagem à aniversariante. Inesquecível... Também através de Beta Leporage conhecemos As Frenéticas e me tornei amigo pessoal de Maria Lídia, a Lidoka. Amizade que se mantém até hoje... Do Rio partimos para nossa primeira turnê nacional, inicialmente produzida pela Beta e, na seqüência, por Deise Simões, que se tornou a empresária oficial da Terça Insana para as viagens. Estreamos em Porto Alegre, onde lotamos o Teatro São Pedro, com apresentações extras no sábado e no domingo. De lá fomos a Goiânia, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Manaus, Niterói, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte e, após repetir Brasília e Porto Alegre, devido ao sucesso alcançado nessas praças, encerramos a turnê participando do Festival de Humor de Piracicaba, interior de São Paulo. Antes de partir em turnê não pensávamos que a Terça Insana já tivesse tamanho alcance nacional, a ponto de lotar teatros grandes e distantes como os de Brasília, Manaus e Recife. Por onde passou, a Terça Insana sempre teve enorme sucesso e calorosa recepção por parte do público. Acho que isso se deveu, principalmente, ao DVD, que, a essa altura, já havia sido lançado nacionalmente e visto por gente de todo o país. Em todas as cidades em que estivemos fomos procurados e assediados com muito carinho. Esse nosso primeiro show de turnê foi o mesmo que apresentamos na temporada carioca e se chamava Terça Insana Grandes Momentos. O elenco era formado por Grace, Otavio Mendes, Marcelo Mansfield, Luis Miranda, Ilana Kaplan e eu. Cada um de nós fazia dois personagens. As exceções eram Luis Miranda que, além de seus dois personagens do show, recebia o público na porta do teatro caracterizado como Ademar Queixada, seu personagem bêbado. Luis sempre era confundido por alguém do público ou por funcionários do teatro com um bêbado de verdade. Houve ocasiões em que ele foi barrado na entrada e teve de tirar a peruca para que algum segurança acreditasse que se tratava de um dos atores do show. E eu, que além dos meus dois personagens, Boliviano e Betina Botox, fazia também a abertura do espetáculo, com texto escrito em parceria com a Grace. De Lisboa ao Rio, passando por quase todo o Brasil, tudo vale a pena, se a alma não é pequena...
Na foto, o elenco de Grandes Momentos clicado pelo fotógrafo Flavio Colker.

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