ESTRELAS MUDAM DE LUGAR...
Hoje a Claudia Meneghetti nos deixou. Se ela fosse uma reles mortal eu diria que faleceu. Como era uma estrela, apenas mudou de lugar: Foi para o firmamento, que é onde as estrelas devem estar. A primeira vez que a vi em cena ela já arrasava ao lado de Dilmar Messias interpretando Karl Valentin. Claudinha era uma excelente atriz. Tragicômica. Fazia bem qualquer papel em qualquer registro de interpretação. Um deleite para o diretor. Sem muita explicação, Claudinha, totalmente intuitiva, pegava o "tom" da cena no ar... Que delícia trabalhar com ela. Toda à flor da pele. Um dia chegou no ensaio atrasada, tensa, e me pediu dois minutos para desabafar. Chorou, bradou, reclamou, execrou céus e terra e, num rompante comum às grandes divas, exatos dos minutos depois, enxugou as lágrimas e disse: Agora podemos começar o ensaio... Inesquecível. Outra feita, Ciça Reckziegel, sua parçeira na cena, sofria dizendo não encontrar a emoção da sua personagem. O tempo passando, a Claudia já inquieta, mandou essa : Finge! Adorable... Uma vez fui visitá-la, no seu apartamento térreo da Travessa Cauduro, e umas crianças da escola ao lado, penduradas na janela da sala, gritavam insupotáveis, não nos deixando conversar. Claudinha abriu a janela e soltou o verbo: Saiam daqui! Vão fazer uma coisa da idade de vocês, fumar um baseado, bater uma punheta! Me deixem em paz! Inesquecível... Vou guardar para sempre a imagem da sua personagem Urânia entrando em cena com uma mala estampada de oncinha feita pelo querido Alziro Azevedo. E a Ciça jogada aos seus pés chorando ao som de Maysa cantando Ne Me Quitte Pas...
Foto de Zeca Felipe.
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