TRISTEZA...
Eu andava pelas ruas de Porto Alegre quando vi passar o táxi- lotação cujo letreiro revelava o insólito destino: Tristeza. Por um instante me perguntei quem seria capaz de pagar quatro reais para ser levado a tal destino...Tristeza? Nem de graça. A tristeza, quando chega, vem de repente. Não precisa pegar lotação. Ela não é apenas um bairro de Porto Alegre. É um sentimento que nos toma de assalto e aperta o peito. A qualquer hora e em qualquer lugar. Se encontra uma porta ou janela entreaberta na alma, vai entrando, sorrateira, invadindo, posseira, se instalando no cantinho mais escuro do nosso ser, baixando as luzes, criando um clima. Quando a gente vê, tá até colocando música pra ela: As mais tristes, de cortar o coração e os pulsos. E haja velas, abajures, toda sorte de luz indireta...Se a gente não resiste ao impulso de abrir a garrafa de vinho, então... A tristeza, hoje em dia, é considerada cafona, démodé. Não frequenta as redes sociais. A tristeza não tem facebook. Mas está em toda a parte, basta a gente abrir os olhos. Ou a cabeça. Está escondida nos cobertores, sob caixas de papelão, embaixo dos viadutos. Está no sinal fazendo malabares. A tristeza está nos quartos e corredores dos hospitais. Na saudade dos que já se foram... Quando vem, nos coloca frente a frente com o nosso pior pesadelo. Nos esfrega na cara a realidade. Nossos medos, incertezas, inseguranças. Nossos traumas de infância. Nossos segredos e incapacidades. O nosso fracasso. Eis a questão: Vivemos a era do sucesso. Não há, portanto, lugar para ela. A tristeza é baixo-astral. Vá ser triste lá no seu canto! Pegue o seu táxi-lotação e vá para aquele lugar... O que um dia cinza e frio é capaz de fazer... Me dou conta, no meu devaneio, de que a tristeza alimenta os poetas. Os artistas em geral. A tristeza inspira canções. Desde que o samba é samba é assim. E, como bem disse minha amiga Shala Felipe, como ela não sobrevive sem o seu oposto, pela mesma porta entreaberta vem a alegria, e no encontro das duas a tristeza se amansa e, sem que se perceba, saiu...
Eu andava pelas ruas de Porto Alegre quando vi passar o táxi- lotação cujo letreiro revelava o insólito destino: Tristeza. Por um instante me perguntei quem seria capaz de pagar quatro reais para ser levado a tal destino...Tristeza? Nem de graça. A tristeza, quando chega, vem de repente. Não precisa pegar lotação. Ela não é apenas um bairro de Porto Alegre. É um sentimento que nos toma de assalto e aperta o peito. A qualquer hora e em qualquer lugar. Se encontra uma porta ou janela entreaberta na alma, vai entrando, sorrateira, invadindo, posseira, se instalando no cantinho mais escuro do nosso ser, baixando as luzes, criando um clima. Quando a gente vê, tá até colocando música pra ela: As mais tristes, de cortar o coração e os pulsos. E haja velas, abajures, toda sorte de luz indireta...Se a gente não resiste ao impulso de abrir a garrafa de vinho, então... A tristeza, hoje em dia, é considerada cafona, démodé. Não frequenta as redes sociais. A tristeza não tem facebook. Mas está em toda a parte, basta a gente abrir os olhos. Ou a cabeça. Está escondida nos cobertores, sob caixas de papelão, embaixo dos viadutos. Está no sinal fazendo malabares. A tristeza está nos quartos e corredores dos hospitais. Na saudade dos que já se foram... Quando vem, nos coloca frente a frente com o nosso pior pesadelo. Nos esfrega na cara a realidade. Nossos medos, incertezas, inseguranças. Nossos traumas de infância. Nossos segredos e incapacidades. O nosso fracasso. Eis a questão: Vivemos a era do sucesso. Não há, portanto, lugar para ela. A tristeza é baixo-astral. Vá ser triste lá no seu canto! Pegue o seu táxi-lotação e vá para aquele lugar... O que um dia cinza e frio é capaz de fazer... Me dou conta, no meu devaneio, de que a tristeza alimenta os poetas. Os artistas em geral. A tristeza inspira canções. Desde que o samba é samba é assim. E, como bem disse minha amiga Shala Felipe, como ela não sobrevive sem o seu oposto, pela mesma porta entreaberta vem a alegria, e no encontro das duas a tristeza se amansa e, sem que se perceba, saiu...
Na foto, Antony Hegarty, lider da banda Antony and The Johnsons. De cortar o coração...
Lindo, Robertinho!!!
ResponderExcluirE eu, que moro além da Tristeza?? O que dizer? rs
É verdade, a tristeza alimenta os poetas. 'É assim que se faz um grande poeta' como já disse Caetano Veloso.
Bjks!
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