terça-feira, 2 de agosto de 2011



MEU MAL É A BIRITA...
No ano de 1980 a genial Ângela Ro Ro lançava seu segundo álbum, Só nos Resta Viver, que trazia a canção que dá nome ao post. Nela, Ângela assumia ser esse o seu mal e terminava afirmando: Eu não vou parar de beber. A música brasileira ainda se agitava nos embalos da discoteca e Ro Ro vinha rasgando seus blues, visceral, assumida e escandalosa. Nossa Amy Winehouse da época. Escândalo, aliás, foi justamente o nome do terceiro LP, com canção título de Caetano Veloso livremente inspirada na vida da intérprete... Quando soube da morte de Amy, na semana passada, me veio imediatamente à lembrança esse disco, essa música, essa compositora e intérprete maravilhosa. Lembrei também da cena inicial dos Pequenos Burgueses, de Gorki, um diálogo das personagens Tatiana e Polia, que durante muito tempo eu soube de cor. Agora não lembro mais das falas e não achei o texto para citar ipsis literis, mas o diálogo diz mais ou menos o seguinte: Tatiana está lendo um romance para Polia. Essa, encantada com as palavras que escuta, começa a fazer perguntas sobre o autor. Tatiana revela que ele já morrera. Ao perguntar qual a causa da morte, Polia ouve a seguinte resposta: Bebia muita vodka. Inconformada, ela indaga: Porque as pessoas interessantes bebem sempre? Ao que Tatiana responde, definitiva: A vida cansa, Polia. Está tudo dito... Parece que la Ro Ro deixou drogas, álccol e escândalos para tráz. Segundo declaração da própria, nem de rehab precisou, foi tudo na força de vontade. Admirável. Eu consigo, no máximo, ficar segunda e terça sem beber. Com muito esforço vou até a quarta-feira no seco. Mas, de quinta em diante, não dá mais pra segurar... Que a bebida é um mal todos nós sabemos. O problema é quando se torna um mal necessário, uma tentação. E, como dizia Oscar Wilde, eu consigo resistir a tudo, menos a uma tentação... E, para terminar com mais uma citação, lembro que quando era criança adorava um quadrinho que tinha na parede da casa da minha avó – também chegada a uns gorós – com o desenho de um bêbado agarrado a um poste e os seguintes dizeres: Quem bebe morre; quem não bebe, morre; então vamos beber! Voilà! Pura sabedoria popular...

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