terça-feira, 27 de julho de 2010


LUCIEN FREUD

Nessa minha última temporada em Paris tive o prazer de conhecer um artista do qual nunca tinha ouvido falar: Lucien Freud. Melhor dizendo, conhecer sua obra, que estava exposta numa das galerias do Beaubourg. Eu já havia citado essa exposição aqui no blog, entre muitas outras coisas que fiz por lá, mas agora resolvi falar especificamente dela, pois me marcou bastante. Tanto que comprei, no Beaubourg mesmo, dois livros com reproduções dos trabalhos desse artista. Se o sobrenome soa familiar não é mero acaso: Lucien é neto de Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Nascido em Berlin no início do século passado, ainda hoje, aos oitenta e oito anos, continua impressionando com sua obra no mínimo instigante. Essa exposição que visitei é composta, basicamente, de grandes telas de retratos e auto-retratos. Quando digo grandes, quero dizer muito grandes, suas figuras humanas são bem maiores que o tamanho natural. Exceto o retrato que fez da rainha da Inglaterra, o menor da exposição, quase uma três por quatro comparado aos demais. Lucien Freud pinta pessoas muito grandes, muito nuas, muito expostas, muito cruamente expostas. E expressivas. E angustiadas. E atormentadas. E, como se pode ver pelo auto-retrato que ilustra o post, não poupa nem a si mesmo. Aliás, nem a própria rainha Elizabeth II. Há, também, um quê de metalinguagem em sua pintura. Em várias obras pode-se ver o atelier do artista, ele próprio pintando seus modelos, a vista da janela do atelier para um terreno baldio cheio de lixo. É um realismo muito particular, uma vez que não se trata de reprodução do real à maneira fotográfica dos realistas, mas sim de uma exacerbação do real através de pinceladas fortes, nervosas, que em nada maquiam ou retocam esse real. Que passa a ser, então, mais que real. Supra-real, talvez. Não sou crítico de arte, não sei, portanto, definir exatamente seu trabalho através de palavras. Só vendo para sentir. E isso, eu fiz: Vi e senti. E fico imensamente feliz em constatar que sempre há coisas interessantes a serem vistas. E sempre haverá. O mundo é uma fonte inesgotável de descobertas...

Um comentário:

  1. Eu também vi o trabalho dele. Só que no MOMA.
    Fiquei, como você, impressionada.

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