terça-feira, 13 de julho de 2010
ALMA RUSSA
Sabe aqueles filmes a que você vai assistir sem nenhuma referência? Pois bem, sem ter ouvido ninguém falar sobre, sem nem ao menos conhecer o diretor, fui, totalmente ao acaso, assistir a Cold Souls, traduzido, aqui no Brasil, para Almas à Venda. Que agradável surpresa! Bem no estilo dos filmes que mais gosto como Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças ou Quero ser John Malkovich, esse Almas à Venda é surpreendentemente original do início ao fim. Fico imensamente feliz quando isso acontece. Fui levado ao cinema sugestionado pela sinopse do Guia da Folha: “Em crise de ansiedade, ator em dúvidas sobre seu novo trabalho recorre a um profissional que alivia o sofrimento das pessoas extraindo e congelando almas”. Identificação total! Eu, cheio de dúvidas que estou quanto ao que fazer nessa nova etapa da minha carreira de ator, fui ao cinema carregado de expectativas. O filme é puro deleite. Em vários momentos lembra Woody Allen, com seu humor sofisticado e cheio de sutilezas. Aliás, Paul Giamatti, o protagonista que faz papel de si mesmo, também lembra muito Woody Allen em si. Não quero contar o filme, apenas a idéia, que é maravilhosa. Paul Giamatti está ensaiando o Tio Vânia, de Tchecov, e sente-se muito atormentado, o que o faz ter dificuldades para desenvolver o personagem. Após extrair a própria alma no laboratório sugerido por seu agente através de uma reportagem da revista New Yorker, o ator passa a sentir-se vazio e, de volta ao dito laboratório, aluga por duas semanas a alma de um poeta russo. Nesse meio tempo Nina, a mulher usada como mula por traficantes russos de almas, rouba a alma de Paul e a leva para a mulher de seu patrão, que é atriz e deseja ter a alma de um ator americano como Sean Penn ou Jonny Deep. Para levar a alma até a Rússia, ela precisa coloca-la no seu corpo, pois em grandes altitudes as almas são extremamente voláteis. Só que durante o tempo em que fica com a alma de Paul, Nina passa a reter alguns traços dela em si. Sinto que não posso dizer mais nada, pois estou contando o filme e isso eu não gostaria de fazer. Sophie Barthes, a diretora, mescla com maestria drama, comédia e ficção científica. A mula de almas Nina, por exemplo, lembra muito a replicante de Daryl Hannah em Blade Runner. O talento dos atores, principalmente de Paul Giamatti, confere grande verossimilhança à história que, contada assim, parece delírio. E é. E dos bons. Fiquei tentando imaginar que tipo de alma eu escolheria para mim se tivesse acesso a essa, digamos, possibilidade. Acho que uma alma russa, nem pensar. Meu orientalismo em geral e meu japanismo em específico, a princípio, me levam a pensar que escolheria uma alma japonesa. Hum...não sei. Talvez francesa. Espanhola. Italiana. Fica difícil escolher, pois nem sei, especificamente, o que vem a ser a alma. Para mim ela ainda é muito abstrata e se confunde bastante com a noção que tenho de espírito. Ou de “cabeça”. Enfim, tudo o que está por dentro, que não vemos, não tocamos, mas que resume tão bem tudo o que somos...
Lembrei agora de outro filme a que fui assistir, há um tempo atrás, totalmente “desavisado”e amei: Embriagado de Amor, com Adam Sandler. É incrível. Não se enganem com “Adam Sandler”. Esse filme não tem nada a ver com as sessões da tarde que ele costuma protagonizar.
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interessante. apesar de já saber TODA a história do filme, vou ver...rs... até hoje só vi filme de gente que vende a alma ao diabo!
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