Sou apaixonado pelo livro Les Cocktails du Ritz Paris, que ganhei de presente do meu amigo João Faria. Costumo dizer que ele é um pequeno tesouro, pois além de ser esteticamente lindo, traz revelações, histórias e receitas que são verdadeiras preciosidades para quem, como eu, se interessa pelo fascinante mundo da coquetelaria. Meu amigo João mora há muitos anos em Paris, onde foi barman de estabelecimentos notáveis como o China Club e o Le Fumoir, um dos meus bares preferidos da Cidade Luz. Voltando ao livro, ele me apaixona por diversos motivos. Primeiro porque a cada vez que o manuseio, leio ou releio, sempre acabo aprendendo alguma coisa nova de francês. Agora, com esse isolamento social que nos obriga a ficar em casa, a retomada da leitura me revelou o verbo concocter, que não conhecia, e que significa inventar, elaborar cuidadosamente. Outro elemento motivador da minha paixão pela obra são as belíssimas e divertidas ilustrações da artista Yoko Ueta. Logo no prefácio o autor revela possuir uma vasta coleção de publicações sobre o assunto, cuja leitura o fez tomar a decisão de escrever sua própria versão dos fatos e curiosidades que envolvem a criação de coquetéis clássicos e contemporâneos. Ah, já quase me esquecia de referir, o autor do livro, Colin Peter Field, vem a ser o barman do Bar Hemingway, do icônico Hotel Ritz de Paris. Já nas primeiras páginas ele presenteia os leitores com a planta baixa do bar com o número de cada mesa. Quem, como eu, gosta de bares, sabe que este é um segredo revelado a poucos habitués, para que possam comentar uns sobre os outros discretamente, referindo-se apenas aos números das mesas... Outro presente que o livro dá aos leitores é o trecho de uma carta do escritor Ernest Hemingway para o barman do Ritz da época, na qual ele revela ter experimentado um Bloody Mary – com detalhes da receita – na China, em 1947. Bem antes da data que o dito barman revela ter inventado o drink para o próprio Hemingway, nos anos cinquenta... Eu não sabia – e adorei saber – que a criação de um dos meus coquetéis preferidos, o Manhattan, é atribuída a Jenny Churchill, mãe do primeiro-ministro inglês Winston Churchill. Que as inglesas mandam ver nos drinks, isso eu já sabia... Ainda não tive o prazer de conhecer o bar do Ritz. O hotel esteve fechado para reformas de 2012 a 2016, época em que frequentei Paris com certa regularidade. Mas é sem dúvida uma das primeiras coisas que quero fazer quando voltar à Capital Francesa. Enfim, há muito o que dizer sobre este pequeno tesouro que guardo com muito carinho entre os meus objetos de charme preferidos. Uma brochura impecável, coberta de um tecido que parece ser um linho dourado, e fartamente ilustrada. Um verdadeiro coffee table book! Merci beaucoup, João, pelo adorável cadeau.
Nas fotos, a capa do livro e uma petite dégustation das ilustrações de Yoko Ueta.
sexta-feira, 17 de abril de 2020
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