quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

FRANÇOIS SAGAT

Para os que talvez ainda não saibam, François Sagat é um ícone do pornô gay francês. Eu, até então, não sabia. Nunca tinha sequer ouvido falar. Eis senão quando, anos atrás, me hospedo na casa de um velho amigo em Paris e fico sabendo que ele é seu vizinho de porta. Mais ou menos como uma espécie de Marilyn Monroe no filme O Pecado Mora ao Lado... Quando, de volta ao Brasil, comentei o fato com um amigo ele me disse ser fã dessa estrela do entretenimento adulto. E me fez prometer que da próxima vez que eu fosse passar uma temporada na Cidade Luz eu traria uma foto do célebre astro para ele... Um ano se passou e lá estava eu de volta a Paris. Quando cheguei, postei no instagram uma foto dos telhados da cidade a partir da janela do apartamento e, como sempre faço, escrevi na legenda: Bonjour, Paris. Je suis arrivé... Meu amigo brasileiro comentou na hora: Não esquece a minha foto do Sagat. Eu já tinha visto o cara na fila do mercado em frente, no terraço de um café no Marais e descendo as escadas do prédio enquanto eu subia. Houve até uma vez em que ele tocou a campainha do apartamento do meu amigo para pedir ou agradecer um favor prestado e eu, caipira que sou, me tranquei no quarto com vergonha de falar com ele. Agora não tinha mais jeito: Eu havia prometido uma foto para o meu amigo. Preparei então um pequeno texto em francês que usaria para abordá-lo quando se desse o nosso próximo encontro. O texto era mais ou menos o seguinte: Excusez-moi, monsieur. Vous êtes François Sagat? Enchanté de vous faire conaissance. Je suis um admirateur brésilien. Est-ce que je peux vous photographier? Que quer dizer mais ou menos: Me desculpe, senhor. Você é François Sagat? É um prazer conhecê-lo. Sou um admirador brasileiro. Posso tirar uma foto sua? Passei então a repetir mentalmente o texto por toda a parte. Andava pelas ruas de Paris sussurrando-o, para que ficasse bem fluído & natural. Olhava para um homem na rua e repetia a frase imaginando que fosse ele. Pois bem, a partir desse dia eu nunca mais vi François Sagat em lugar algum. Alguns anos depois ele se mudou do prédio do meu amigo. Depois meu amigo também se mudou para outro prédio. Outro bairro. E eu, já faz um bom tempo, não vou mais a Paris. O bom é que num daqueles dias em que andava pelas ruas repetindo o texto, dei com ninguém menos que Fanny Ardant saindo de uma loja da Gucci em plena Champs-Élysées. Não tive dúvida: Respirei fundo, me enchi de coragem e abordei minha ídola do cinema com o mesmo texto, devidamente adaptado para ela. Ganhei uma foto da diva de Trufautt. E ganhei o dia. Até me sentei no terraço de um café para comemorar meu feito tomando um verre de vin blanc. Mas essa é uma outra história. Que, por sinal, já contei aqui no blog... Eu sigo na esperança de um dia me deparar frente à frente com François Sagat; para finalmente fazer a foto que prometi ao meu amigo...
Na foto, Sagat "à poil". Peguei do Google, tá?

sábado, 25 de janeiro de 2020

CASO DE AMOR COM SP

Hoje a cidade de São Paulo completa 466 anos. Esse ano vou completar vinte e quatro anos morando em São Paulo. Mais exatamente, no dia 22 de março. Ou seja, eu já moro em São Paulo há mais tempo do que morei em qualquer outro lugar. Isso faz de mim um gaúcho quase paulistano. Digo quase por que não nasci aqui. Mas amar, ah como eu amo essa cidade! Hoje é o dia de homenageá-la, seu aniversário. Quero aproveitar para dizer que ela segue me encantando e, sobretudo, me interessando. É tão bom quando uma cidade atrai o nosso interesse, não é verdade? O difícil é isso acontecer com a cidade na qual a gente mora. Mas, felizmente, com Sampa é assim. Eu sigo ligado nela e nas suas múltiplas possibilidades. Mesmo depois de vinte e quatro anos... Basta passar alguns dias fora de casa que já começo a sentir falta da Pauliceia. E não é nem que eu fique o tempo todo fazendo tudo o que ela proporciona. Mas saber que está tudo pertinho de mim, ao meu alcance, me enche de satisfação. Pior é quando a gente imagina as coisas e elas estão distantes de nós... Há quem lamente o fato de São Paulo não ter mar, belas paisagens, natureza. Mas está tudo tão perto! Uma horinha de carro e a gente já está no mar. Com menos tempo, já estamos junto à natureza. E com umas três horas já se chega no paraíso que, para mim, é Ilhabela... E, cá entre nós, a beleza também se revela onde a gente menos espera. Embaixo de um viaduto, na fachada de um prédio, na entrada de um túnel. São Paulo tem os maiores grafiteiros do país e exibe seus belos trabalhos gratuitamente, sendo ela própria uma galeria a céu aberto. E o teatro, né? Sampa é a cidade brasileira com o maior número de peças em cartaz. De boas a ruins. De amadoras a profissionais. Da comédia ao drama, passando pelo burlesco, o stand-up comedy e o musical. Não é só qualidade que conta, a gente também quer quantidade. Eu, pelo menos, adoro ver coisa ruim... Rsrsrs. Agora tem até carnaval! Isso, por mim, não precisava. Tenho saudade de quando todo mundo saía da cidade nos dias de Momo e eu desfrutava SP inteirinha para mim. Sem trânsito, sem espera em restaurante, sem fila para o cinema, uma maravilha... E já que estamos falando da Terra da Garoa, não poderia terminar esse post sem chover no molhado: Eu amo São Paulo! Tenho um caso de amor com essa cidade. E espero que ela me corresponda sempre, em igual intensidade...
Na foto, de 1990, eu no topo do Edifício Copan com os amigos Zé Adão Barbosa, Ivan Mattos e Paulo Gandolfi. Todos bem novinhos.

domingo, 19 de janeiro de 2020

SAUDADE DE ELIS

Hoje faz trinta e oito anos que Elis Regina morreu. Lembro do dia como se tivesse sido ontem. Não vou contar, mais uma vez, como foi por que já o fiz inúmeras vezes aqui. O fato é que já temos mais anos sem do que com Elis, posto que ela ainda nem tinha completado trinta e sete anos de idade quando nos deixou... Anteontem acordei às quatro horas da madrugada e não consegui dormir mais. Às cinco desisti de tentar pegar no sono novamente e me levantei. Curioso é que não senti sono o dia inteiro... Ontem revi no Netflix o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Na ocasião em que ele foi lançado eu assisti no cinema e amei. Foi um filme que me marcou muito e lembro que sempre o citava como um dos meus preferidos. Ao revê-lo não tive a mesma impressão. Gostei, mas não amei como outrora. Acho que na verdade eu amava uma idealização que fiz do filme. O que, ou melhor quem, continuo amando com a mesma intensidade é o ator Jim Carrey. Sempre admirei o trabalho deste artista para além das caras e bocas que eventualmente faz. Estou enrolando um pouco, tergiversando, para ver se me lembro de alguma coisa sobre Elis que eu ainda não tenha contado aqui. Inútil, já relatei tudo. E não foi pouca coisa. Basta digitar Elis no campo de busca do blog. O primeiro show a que assisti, o autógrafo, os ciúmes de minha mãe pelo meu sofrimento quando ela morreu, as fotos que fiz no show do Canecão, meu contato com seu filho João Marcelo durante as gravações do DVD da Terça Insana pela gravadora Trama, tudo. As comemorações do aniversário de Elis que minha amiga Anne e eu fazíamos em Porto Alegre. O último show, Trem Azul, no Ginásio Gigantinho também na capital dos pampas. Então só me resta reiterar a minha imensa admiração e respeito por essa grande artista, essa cantora incrível, a maior que o Brasil já teve na minha nada humilde opinião. Sigo cultuando-a, venerando seu incomensurável talento, imaginando coisas que ela cantaria agora (isso também já contei). Viva Elis. Depois dela, nenhuma outra. Talvez Cássia Eller. Que também se foi cedo demais. Vou seguir ouvindo Elis, suas interpretações marcantes e definitivas. E peço para quem me lê: Ouçam Elis Regina. Eu garanto que os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague...
Na foto, feita por mim, Elis no show Saudade do Brasil, no Canecão, em abril de 1980.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

ANOS VINTE

Feliz Ano & Década Novos para todos! Começo me desculpando pela demora em postar algo por aqui. Janeiro já quase na metade e eu no primeiro post... Adoro a ideia de viver um nova década de vinte. A do século passado eu não tive a oportunidade de vivenciar, pois só viria a nascer quarenta anos depois, na de sessenta. Mas, como todos sabemos, os anos vinte passados foram loucos e efervescentes. Nas artes, na ciência, na moda, na literatura. Muito jazz, muita liberação de costumes, muita Coco Chanel, o mundo respirava aliviado após a primeira grande guerra (minúsculas intencionais em protesto às guerras). Até por aqui mesmo, um grupo de artistas conectados com a vanguarda mundial sacudiu a então monótona São Paulo com uma Semana de Arte Moderna que deu o que falar... E, por falar nisso, como "dar o que falar" hoje em dia? De uma maneira positiva, quero dizer. Quando tudo já foi dito e feito parece que só vira assunto o que tende ao retrocesso. Deus nos livre de andar para trás! O que já foi conquistado não pode ser perdido... Andei pelo litoral norte, revendo o mar, sem o qual não me abasteço. Ele me recarrega, me atualiza e me protege de vírus. Sigo forte na intenção de transformar em realidade meu sonho de ter uma casa na praia. Quem sabe nessa nova década que se inicia? Que os novos anos vinte sejam loucos e efervescentes como foram os do século passado. Que brote um novo jazz, uma nova bossa ou uma nova onda. Que costumes sejam renovados. Que tabus sejam quebrados. Que conceitos sejam revistos. Que corpos e mentes sejam libertos de todas as amarras. Que a gente viva uma nouvelle vague, uma nouvelle Belle Époque ou o que for. Que melindrosas não-binárias sacudam as plumas de seus gêneros fluidos. Que não haja mais guerras. Que haja muito amor e compreensão entre as pessoas. E last but not least, que espoquem as rolhas de todos os champanhes! E agora vou pensar no meu modelito para o carnaval... À bientôt!
Na foto, a icônica Josephine Baker, que abalou Paris nos anos vinte com seu talento e ousadia.