Finalmente o mês de novembro chegou. E, com ele, novos ventos varrendo a ressaca pós -eleitoral e trazendo de volta outros assuntos, possibilidades, visões. Já adentrei o penúltimo mês do ano visitando a exposição Raiz, do artista chinês Ai Weiwei, na Oca do Ibirapuera. De encher os olhos, a alma, o coração. Se a Bienal, que eu havia visitado dias antes, pouco ou nada tinha me dito, a exposição de Weiwei disse tudo. E calou fundo. Eu, que já andava cansado de assistir a processos em vez de resultados, que não aguentava mais tanto conceito para tão pouca arte, nessa exposição me deleitei: Ai Weiwei consegue unir conceito e arte, ativismo e denúncia, resistência e questionamento, sem deixar de fora algo que para mim é fundamental em qualquer manifestação artística: A beleza. Ela está presente em cada micro-detalhe das flores de porcelana que compõem a gigantesca obra Florescer ou nas milhares de Sementes de Girassol também esculpidas em porcelana. E no impacto mudo do imenso barco de refugiados esculpido em plástico negro em que navegam homens, mulheres e crianças sem rosto. Para ser vista e revista, a exposição fica na Oca até janeiro de 2019. Não vá perder... No feriado, uma rápida escapada até o reconfortante La Figueira, em Piracaia, para visitar nossos amigos Rodrigo et Thomas, respirar ar puro e, luxo dos luxos, ouvir o silêncio. Claro que entremeado de drinks, conversas, mergulhos, caminhadas, risadas, comidinhas e música. Rodrigo me apresentou a delícias musicais que eu ainda não conhecia como No Porn e Letrux. Auto-estima delirante. Maiô da Mulher Maravilha. A lantejoula apareceu de novo... De volta à Pauliceia, o não menos delirante Bohemian Rhapsody, filme que narra a trajetória de Freddie Mercury desde o surgimento do Queen até a participação no mega concerto Live Aid. Filme espetáculo, para ser assistido no cinemão clássico, com tela grande e dolby surround sound stereo... Agora sigo novembro adentro devorando o livro Mademoiselle Chanel e o Cheiro do Amor, da escritora alemã Michelle Marly. A história conta como a estilista Coco Chanel supera a perda de seu grande amor Boy Capel tornando realidade o projeto de ter a sua própria eau de toilette: O famoso perfume Chanel No 5. O livro, perfumado e de fácil leitura, é rico em detalhes descritivos da Paris da época e tem um agradável tom de folhetim que prende a atenção desde o primeiro capítulo. E, por falar em livros, eles andaram em alta na campanha presidencial. Até gente que eu sei que nem lê postou selfies com algum exemplar. Esse foi, a meu ver, um legado positivo das eleições. Eu, que sou leitor compulsivo, considero que a aproximação das pessoas com obras literárias, ainda que por razões controversas, sempre será positiva. De alguma forma, um livro sempre irá ajudar, acrescentar, engrandecer. Se por mais não for, pela simples leitura de suas orelhas ou contracapa... E vamos em frente pois, como disse Gilbero Gil em seu ótimo programa no Canal Brasil, o rio da História é caudaloso e não há abismo em que o Brasil caiba...
Nas fotos, as delicadas flores de Ai Weiwei, o cartaz de Bohemian Rhapsody e a capa do perfumado livro de Michelle Marly.
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
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