Nas noites frias e chuvosas do inverno de Porto Alegre há que se aquecer não apenas o corpo mas, também e sobretudo, a alma. Pois a minha foi lindamente aquecida nessa noite de segunda-feira. A Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro convidou o pianista Nelson Freire para duas apresentações de um recital em homenagem à memória de Dona Eva Sopher. Quem venceu o frio e a chuva foi brindado com a belíssima execução do Concerto Número 2 para piano e orquestra, de Chopin. Eu já havia assistido a uma apresentação de Nelson Freire em duo com a pianista argentina Martha Argerich na Sala São Paulo, no ano de 2004. Lembro que eles apresentaram, em um repertório que ia de Brahms a Rachmaninoff, a inquietante La Valse, de Ravel. Agora, na fria noite dos pampas gelados de Gay Port City, acompanhado pela nossa brava Orquestra de Câmara, foi ainda melhor. Que bom que a cidade tem o seu teatro e que o teatro tem a sua orquestra. E que sorte de ambos terem tido a sua, a nossa, a eterna Dona Eva. Tenho certeza de que, muito mais do que no display que recebe o público na entrada, ela está presente em cada frisa do seu amado Teatro. O menino de Soledade, que um dia sonhou ser pianista, foi dormir embalado e aquecido pelas notas da melodia de Chopin. Minha irmã Raquél, que me convidou para a noitada, não poderia ter me dado presente melhor. Só contemplar o teatro lotado já foi extremamente reconfortante. É um alento constatar que não apenas musicais da Broadway e shows de youtubers enchem as salas. Me alegra muito ver o público lotando uma casa de espetáculos para assistir a uma apresentação de música clássica. Me aqueceu ainda mais do que a dose de uísque que tomei no bar do foyer...
Na foto, o pianista agradece os merecidos aplausos que o fizeram voltar várias vezes ao palco.
terça-feira, 10 de julho de 2018
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Nem musicais da Broadway ou youtubers conseguem encher um teatro em plena segunda-feira. Isso é o Brasil que eu quero.
ResponderExcluirOdilon! Já estava sentindo falta de seus comentários... Esse também é o Brasil que eu quero. Aliás, acho que nem quero mais Brasil nenhum. Prefiro a França! Aloka... rsrsrs
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