Primeiramente pensei dar a esse post o título de POEMA DANÇADO. Mas em seguida achei que seria redutor. Cão Sem Plumas, a mais recente criação da Companhia de Dança Deborah Colker, não é apenas dança. É teatro. Assim como Deborah não é apenas coreógrafa. É encenadora. Isso sem falar que, de lambuja, ainda nos traz um belíssimo filme de Claudio Assis. O resultado é espetacular. No sentido de espetáculo mesmo. Enche os olhos. Poesia pura sobre a cena. Teatro de imagens. A sensação que se tem é de que a plateia nem respira enquanto assiste à impressionante sucessão de imagens, ora duras e secas, ora belas de tirar o fôlego. Engraçado como a beleza pode surgir de onde menos se espera. Como o lírio que brota no lodo. Como o lodo que seca no corpo dos bailarinos e explode em pó sob a precisa e preciosa iluminação. Aliás, eles também não são apenas bailarinos. São atores, intérpretes sensíveis e plasmáveis que se transformam ora em grotescos caranguejos, ora em esguias garças. A bela e impactante trilha sonora conduz o espectador nessa interessante fusão de imagens projetadas com dança ao vivo. Como se os bailarinos entrassem nas imagens da tela para delas sair em seguida. O poema de João Cabral de Melo Neto, que inspirou a criação, está todo lá. Sem plumas, é certo. Mas carregado de emoção, plasticidade, lirismo e poesia. Fico até meio sem palavras para descrever o impacto visual e emocional que o espetáculo provoca. É ver para crer. Imperdível.
sábado, 26 de agosto de 2017
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