quarta-feira, 18 de junho de 2014
CHORAR
Não sei quanto a quem está me lendo, mas eu tenho dificuldade para chorar. Meu choro é trancado. Adoraria ser uma manteiga derretida e chorar por qualquer bobagem. Assim não sentiria o aperto que às vezes sinto no peito. Sou daqueles que precisam de ajuda para chorar. O novo livro do escritor Fabricio Carpinejar se chama Me Ajude a Chorar. Ainda não tive o prazer de ler, aliás, nunca li nenhum livro desse autor, mas adorei o título. Chorar, pelo menos para mim, lava realmente a alma. Nos últimos dias chorei a morte do cantor Jimmy Scott. Um grande artista que tinha, entre outras tantas qualidades, a de me fazer chorar. Agora só me resta Antony Regarty (experimente ouvir If it Be Your Will com ele). E, claro, as gravações de Jimmy. Assim como as de Elis Regina, que já me fez chorar muito, inclusive quando morreu prematuramente. Ao contrário do que muitos possam pensar, eu fico muito feliz quando consigo chorar. Com ou sem complemento. Chorar pencas, chorar piscinas, ou simplesmente chorar. Intransitivamente. E não apenas coisas tristes me levam às lágrimas. Coisas muito belas ou singelas, também. A cena do vôo livre, no filme Os Intocáveis, ao som de Nina Simone, por exemplo, me fez chorar. Em A Grande Beleza, quando Jap Gambardella encontra Fanny Ardant andando de noite na rua, chorei também. Aos que como eu tem certa dificuldade em verter lágrimas recomendo: Lancem mão de aditivos ajutórios. E não me refiro a drogas ou álcool. Apenas Arte. Da melhor qualidade. Pode ser música, cinema, literatura ou mesmo um belo quadro ou escultura. Diante de uma obra prima é quase impossível conter-se... Na foto, Antony Regarty, que sempre me faz chorar.
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