MINHA FAMÍLIA
Éramos seis: Meu pai, o Valpides, minha mãe, a Doracy, minhas irmãs, a Raquél, a Rita e a Regina, e eu, o Robertinho. Meu pai e minha mãe se casaram nos anos cinquenta, e sua primeira filha, a Luciara, morreu aos três meses de idade. Depois viemos nós quatro, na sequência: a Ra, a Ri, a Re e o Ro. Nascemos e nos criamos em Soledade. Bem, na verdade eu e a Rita nascemos em Espumoso, cidade vizinha. Mas, como fomos lá só para nascer e, em seguida, voltamos para Soledade, meu pai nos registrou como soledadenses mesmo. Soledade é uma pequena cidade, no interior do Rio Grande do Sul, conhecida como a capital das pedras preciosas. Na verdade, semi-preciosas. Mas eu prefiro chamá-las preciosas, pois, para mim, o são. Os invernos da minha infância em Soledade eram muito frios. Quando a gente ia para a escola de manhã cedo ainda era escuro e o gelo cobria os gramados. Meus pais nos ensinaram, desde pequenos, a respeitar os mais velhos. E nós os respeitávamos, só por serem mais velhos do que nós. Chamávamos de senhor e senhora qualquer pessoa de idade. Se fossem parentes ou professores, então, nem se fala. Pedíamos a benção aos nossos pais, tios e padrinhos. Ganhávamos presentes basicamente em datas como Natal, Páscoa, Dia da Criança e aniversários. Sendo que os de Natal eram os mais importantes, como bicicletas, que sempre tive e tenho até hoje. Meu pai trocava de carro todos os anos e, durante muito tempo, o modelo foi a Variant, da Volkswagen. Das cores mais inacreditáveis. Teve até uma verde metálico, que chamávamos de verde periquito. Meu pai nunca tirava férias. E, portanto, nunca veraneávamos. Veranear, lá no sul, quer dizer ir passar uma temporada no litoral, durante o verão. Por causa disso, só fui conhecer o mar com catorze para quinze anos. E assim mesmo em Capão da Canoa, praia do litoral sul cuja água normalmente era marrom. Todo o primeiro grau eu estudei em escola pública e meus amigos e colegas eram das mais variadas classes sociais. À noite, depois do jantar, o que acontecia entre sete e sete e meia, brincávamos de esconder na frente de casa, onde se reuniam todas as crianças da vizinhança. Era quando aproveitávamos para caçar vagalumes... Durante um bom tempo, minha casa era das poucas que tinham televisão e juntava gente nas janelas para ver. A TV era preto e branco e só pegava a Globo. Ou melhor, a Gaúcha. De cujo slogam lembro até hoje: Puxa, é a Gaúcha! O número do nosso telefone tinha só três dígitos. Ainda sei de cor: 103. O da casa da minha avó era 295. Mas porque eu estou falando todas essas coisas? Ah, já sei. Tudo começou quando parei diante dessa foto da minha família, que está emoldurada e pendurada no corredor da minha casa aqui em São Paulo... Hoje não tem mais meu pai e minha mãe, mas temos novos integrantes: Cunhados e sobrinhos. E, aos poucos, novas famílias estão se formando a partir da nossa. E eu, que era o caçula, estou ficando cada vez mais velho...
Éramos seis: Meu pai, o Valpides, minha mãe, a Doracy, minhas irmãs, a Raquél, a Rita e a Regina, e eu, o Robertinho. Meu pai e minha mãe se casaram nos anos cinquenta, e sua primeira filha, a Luciara, morreu aos três meses de idade. Depois viemos nós quatro, na sequência: a Ra, a Ri, a Re e o Ro. Nascemos e nos criamos em Soledade. Bem, na verdade eu e a Rita nascemos em Espumoso, cidade vizinha. Mas, como fomos lá só para nascer e, em seguida, voltamos para Soledade, meu pai nos registrou como soledadenses mesmo. Soledade é uma pequena cidade, no interior do Rio Grande do Sul, conhecida como a capital das pedras preciosas. Na verdade, semi-preciosas. Mas eu prefiro chamá-las preciosas, pois, para mim, o são. Os invernos da minha infância em Soledade eram muito frios. Quando a gente ia para a escola de manhã cedo ainda era escuro e o gelo cobria os gramados. Meus pais nos ensinaram, desde pequenos, a respeitar os mais velhos. E nós os respeitávamos, só por serem mais velhos do que nós. Chamávamos de senhor e senhora qualquer pessoa de idade. Se fossem parentes ou professores, então, nem se fala. Pedíamos a benção aos nossos pais, tios e padrinhos. Ganhávamos presentes basicamente em datas como Natal, Páscoa, Dia da Criança e aniversários. Sendo que os de Natal eram os mais importantes, como bicicletas, que sempre tive e tenho até hoje. Meu pai trocava de carro todos os anos e, durante muito tempo, o modelo foi a Variant, da Volkswagen. Das cores mais inacreditáveis. Teve até uma verde metálico, que chamávamos de verde periquito. Meu pai nunca tirava férias. E, portanto, nunca veraneávamos. Veranear, lá no sul, quer dizer ir passar uma temporada no litoral, durante o verão. Por causa disso, só fui conhecer o mar com catorze para quinze anos. E assim mesmo em Capão da Canoa, praia do litoral sul cuja água normalmente era marrom. Todo o primeiro grau eu estudei em escola pública e meus amigos e colegas eram das mais variadas classes sociais. À noite, depois do jantar, o que acontecia entre sete e sete e meia, brincávamos de esconder na frente de casa, onde se reuniam todas as crianças da vizinhança. Era quando aproveitávamos para caçar vagalumes... Durante um bom tempo, minha casa era das poucas que tinham televisão e juntava gente nas janelas para ver. A TV era preto e branco e só pegava a Globo. Ou melhor, a Gaúcha. De cujo slogam lembro até hoje: Puxa, é a Gaúcha! O número do nosso telefone tinha só três dígitos. Ainda sei de cor: 103. O da casa da minha avó era 295. Mas porque eu estou falando todas essas coisas? Ah, já sei. Tudo começou quando parei diante dessa foto da minha família, que está emoldurada e pendurada no corredor da minha casa aqui em São Paulo... Hoje não tem mais meu pai e minha mãe, mas temos novos integrantes: Cunhados e sobrinhos. E, aos poucos, novas famílias estão se formando a partir da nossa. E eu, que era o caçula, estou ficando cada vez mais velho...
História linda!!
ResponderExcluirAdorei a história, eu também corria, brincava e caçava vagalumes na minha infância, em Santa Maria no RS. Bons tempos!!!Beijo Lu
ResponderExcluir