sábado, 28 de setembro de 2024
COUP DE CHANCE
O novo filme de Woody Allen, Golpe de Sorte em Paris, me levou de volta ao cinema. É claro que fui no primeiro dia e, naturalmente, na primeira sessão. Só Woody Allen e Pedro Almodóvar ainda conseguem fazer isso comigo… A cada nova película lançada por esses dois cineastas me transformo naquele jovem morador do bairro Bom Fim, em Porto Alegre, que corria para o Cine Baltimore para assistir a mais um Felinni, um Bergman, um Fassbinder ou um Jabor… Mas voltando a Golpe de Sorte, mais uma vez Woody Allen nos brinda com Paris, La Ville Lumière. Só que, diferentemente de Meia Noite em Paris, em que mostrava personagens que eram turistas americanos na cidade, nesse novo filme ele traz personagens que são parisienses. E mais: ricos. Consequentemente, a cidade se transforma em um cenário completamente diferente daquele. No lugar dos cartões postais mostrados no primeiro, vemos uma Paris sofisticada e nada turística. A começar pelo encontro dos personagens centrais, que não se viam desde os tempos de colégio, em plena Avenue Montaigne, em frente ao Théâtre des Champs-Élysées. E se para nós mortais Paris em si já é chic, imagine a Paris dos parisienses ricos… Não pretendo fazer aqui uma análise crítica da obra, nem caberia, pois não sou crítico de cinema. E também, sendo fã incondicional de Woody Allen como sou, ficaria no mínimo um tanto suspeito e totalmente parcial. Quero contar algo excepcional que aconteceu logo que saí da sala de cinema... Caía sobre Sampa City uma chuva fininha, fazendo jus à alcunha de Terra da Garoa. Bem em frente ao cinema tem um ponto de ônibus e me joguei no primeiro que vi, que já estava parado ali, em plena Avenida Paulista no final de uma tarde de primavera. Assim que paguei e me sentei, sentou-se ao meu lado uma senhora que já foi logo dizendo: Esse filme que acabamos de assistir eu já tinha visto um outro igualzinho durante a pandemia, na Netflix! Oi? Ah, a senhora também estava no cinema? Respondi espantado. Sim, prosseguiu a denunciante, quando o filme começou eu já lembrei de tudo! Até o final, o que aconteceu com a mãe dela, o detetive, tudo! Mas não se trata de um remake, defendi. A obra é inédita, escrita e dirigida por Woody Allen. Igualzinho, insistiu a idosa. A senhora está sugerindo que ele plagiou um filme já existente? Não sei, não lembro o nome do filme, mas vou perguntar pra uns amigos meus que assistem muito Netflix! Eu assisto muito Netflix e não vi esse filme, tentei dissuadi-la. Igual, igualzinho, repetia ela como em um transe. Fiquei me perguntando o que se passava na cabeça daquela mulher, que espécie de hater era ela, assim, toda real, física e sem a proteção do anonimato das telas digitais... Felizmente meu ponto chegou e desci do ônibus deixando a velha a blasfemar sozinha. Ela, qual Mia Farrow, só estava interessada em denegrir a imagem do gênio da sétima arte. Ainda bem que sempre teremos Paris (e sempre teremos Woody Allen). Sobem créditos finais ao som de Dave Brubeck Quartet…
Na foto, o ator Melvil Poupaud em cena de Golpe de Sorte em Paris.
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Acometido pelo mesmo furor, assim que você me disse que um novo filme do Woody Allen estava para ser lançado no Brasil, também fui logo assistir e fiquei encantado com essa Paris fora dos cartões postais óbvios e cheia de parques onde é comum almoçar e compra-se castanhas. Cabe ressaltar que Woody fez um filme de ricos possíveis, ricos plausíveis, não são os ricos da Marvel. Gostei da história e posso estar bem louco, mas nunca tinha me deparado com esse roteiro em outro filme, rsrsrs
ResponderExcluirOdilon, mon cher! Adorei ricos possíveis, plausíveis rsrsrs. Assim sejamos!
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