sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

HONEY BABY

No alto da colina do Sumaré, no número 187 da rua Macapá, a casa de Guilherme de Almeida guarda um tesouro que encontra-se ao alcance de qualquer um de nós. Me refiro ao acervo pessoal do poeta modernista (e artista multimídia, antes disso existir) Guilherme de Almeida e de sua esposa Belkis de Almeida, a famosa Baby a que o título do post se refere. Baby era a musa inspiradora do poeta, retratada e esculpida por diversos artistas, a estrela que se destaca na visitação da casa. Sim, a casa é um museu, aberto à visitação. Comprada e mantida pelo governo do estado de São Paulo, essa residência cheia de encantos é receptiva a qualquer interessado em conhece-la. E o melhor: De graça. O acervo conta com obras de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti, entre outros. Sem falar em uma infinidade de objetos pessoais, como livros, discos, fotografias e lembranças de viagens. A visita termina no topo, quando a gente sobe a famosa escada, imortalizada por Guilherme na crônica Escada de Minha Mansarda (Que ganhamos de presente impressa, como lembrança da visita). A escada, “íngreme, estreita, escura e curva” e a mansarda em si são, como bem definiu a guia da visitação, a cereja do bolo. Após subi-la adentramos no refúgio do poeta. Onde estão a sua mesa de trabalho, suas máquinas de escrever e, o que mais amei saber, as suas lembranças de Paris. Assim como eu, ele era um apaixonado pela Cidade Luz. Ali também está a belíssima cabeça de Baby, esculpida por William Zadig. A casa ainda tem Brecheret, Lasar Segall, Antonio Gomide e Sanson Flexor. Esse último, autor de um dos mais intrigantes retratos de Baby. Quando, nos anos quarenta do século passado, Guilherme resolveu construir a casa e se mudar para lá, seus amigos modernistas perguntavam por que ele resolvera ir morar naquele “fim de mundo”. A rua era de terra e com apenas três casas. A dele foi a quarta a ser construída. "Aí assentei minha casa porque o lugar era tão alto e tão sozinho, que eu nem precisava erguer os olhos para olhar o céu, nem baixar o pensamento para pensar em mim"... O fim de mundo, diga-se, está a quinze minutos da Avenida Paulista. Que, vale ressaltar, é a belíssima vista que se tem da janela da mansarda. São Paulo segue me encantando, mesmo depois de quase trinta anos vivendo nela… Nas fotos, Baby retratada por Anita Malfatti e Lasar Segall e a cabeça dela esculpida por William Zadig.

2 comentários:

  1. São Paulo e seus 'achadinhos'. É ótimo esse circuito meio off.

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    1. Verdade, Odilon! No caso, nem tão off assim. Eu diria oficial.

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