domingo, 10 de novembro de 2019

ON THE ROAD

Sexta-feira. Mês de novembro. Ano que termina. A van que nos leva para uma apresentação em Poços de Caldas entra agora em um engarrafamento na estrada. Chove. A tarde cai rapidamente. Várias cidades se sucedem a pouca distância umas das outras. Nas redes sociais memes indicam que finalmente "sextou". E que Lula poderá sair da prisão. Procuro no YouTube uma versão rap da música Cavalgada, de Roberto Carlos, que toca no final do filme francês Encontros, a que assisti recentemente. Me dou conta de que estou sempre procurando alguma coisa na internet. E mal consigo lembrar como é que eu conseguia viver sem essas procuras quando ainda não havia internet. Parece que foi ontem, mas já está tão distante esse tempo, essa realidade. Saimos do engarrafamento. A chuva engrossa. Daqui a pouco vamos parar para um café, um lanche, fazer xixi, essas coisas que se faz na estrada. Leio Patti Smith. O Ano do Macaco. Sua escrita me inspira. Parece mentira que essa escritora que adoro tenha lançado dois livros de uma só vez. Esse e também Devoção, que li muito devotamente. É uma pena que não vou estar em São Paulo justamente no dia em que ela vai se apresentar em um festival e lançar os livros batendo um papo com os leitores no Sesc Pompeia. C'est dommage. Uma lástima. Mas, na verdade, não sei se iria mesmo se estivesse em Sampa na data. Ando avesso a eventos populares. Tudo que reúna mais de cem pessoas me espanta. Prefiro ficar comigo e com meus botões. Já fizemos a parada. No Frango Assado. Comi uma empada (de frango) e um pão de queijo. Sem requeijão. Não havia nenhuma bebida alcoólica para vender no Frango Assado. E esse fim de tarde de sexta-feira clamando por um drink... Já anoiteceu. A chuva arrefeceu. Seguimos viagem em direção a Poços de Caldas. Em direção ao fim do ano. Em direção a... Corte de tempo. Já estou de novo em São Paulo. A viagem de volta foi tranquila e incrivelmente rápida. Nem parecia o mesmo trajeto. Nossa apresentação em Poços de Caldas foi no Teatro Urca, onde já se apresentou Carmen Miranda. Um lugar lindo. Mas, infelizmente, em adiantado estado de depredação. Por que tudo nesse país tem de ser assim? Há quase vinte anos percorro o Brasil inteiro fazendo teatro e é sempre a mesma coisa: Teatros estaduais ou municipais jogados às traças. Os que funcionam, inevitavelmente, são os mantidos pela iniciativa privada. Há quem seja contra... Saúdo o mês de novembro, que se inicia pródigo em efemérides. Essa semana mesmo, volto a Porto Alegre para duas apresentações no histórico e amado Teatro São Pedro. E, depois de vinte e três anos morando em São Paulo, pela primeira vez estarei de volta à cidade na Feira do Livro. Vida que segue...
Nas fotos, interior das Thermas Antônio Carlos, que merecerão post especial, e a lua tímida espiando no céu de Sampa.

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