A lá lá ô ô ô ô ô ô ô, mas que calô ô ô ô ô ô ô... Refletindo sobre a ressignificação do meu protagonismo, percebo, para além da minha zona de conforto, um empoderamento não-binário da minha orientação sexo-afetiva. Isso talvez acarrete uma reinicialização do meu sistema cognitivo de leitura da sociedade machista-heteronormativa. Na verdade esse processo libertador é meio que uma ocupação do meu espaço público/privado como forma de resistência. Mentira! Tô brincando... Eu jamais usaria tantas "palavras da moda" para me expressar. Mas o fato é que o chamado "túmulo do samba" acordou definitivamente para o carnaval. Não sei como foi no ano passado, que eu estava no Rio. Mas esse ano comprovei in loco a multidão que compareceu à Rua da Consolação para seguir o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta. Aliás, seguir o bloco me foi impossível, tal a aglomeração humana. Preferi assistir a tudo da janela do apartamento de um amigo, verdadeiro camarote vip de frente para a folia. Me senti em Salvador. Ao contemplar da janela do oitavo andar a Consolação inteira ocupada por animados foliões que se esbaldavam ao som da palavra de ordem "a cidade é nossa", não pude deixar de lembrar da primeira fala da personagem Lisístrata, da comédia homônima de Aristófanes que montei anos atrás, ao constatar a ausência de suas companheiras à assembleia que convocara: Se tivessem sido convidadas para uma festa de Baco, isso aqui estaria infestado de mulheres e tamborins; mas, como eu falei que o assunto era sério, não compareceu nenhuma... Quem disse que o Brasil não é um país sério? Somos sérios sim. Levamos muito a sério essa questão do carnaval, por exemplo. As outras, a gente deixa pra março. E ainda estamos apenas no esquenta, no chamado pré-carnaval. Sim, porque quatro dias de folia era muito pouco, então criou-se o pré-carnaval pra gente poder curtir um pouco mais... É lógico que essa reflexão toda foi pro espaço assim que a Fafá de Belém subiu no trio elétrico e eu passei a gritar enlouquecidamente: Fafá! Fafá!! Fafá!!! Como se fosse possível ela me ouvir gritar do oitavo andar com o som do trio a milhões de decibéis. Mas a essas alturas eu já havia sido abduzido pelo espírito momesco e tudo o que eu mais queria era cair na folia como se não houvesse amanhã. E com a confortante certeza de que "a cidade é nossa"...
Na foto, a privilegiada vista do apartamento de Wilson de Santos.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
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