terça-feira, 29 de março de 2016
HAI KAI
Gostava de fazer tsurus. Pequenos pássaros de papel dobrado. A técnica de dobrar o papel formando animais e plantas chamada origami. Herança do DNA do pai, japonês. Também era bom em ikebanas, arranjos japoneses de flores, plantas e galhos secos. Ambos de uma extrema delicadeza e graça. Às vezes gostava de colocar um pequeno tsuru sobre o galho seco da ikebana. E pequenas pedras na água. Lembravam fontes, jardins. Sua casa era cheia de plantas. Tinha a mão muito boa para elas. Tudo o que plantava brotava, crescia, florescia. Um amigo que gostava muito de livros dizia que ele era o menino do dedo verde, da história de Maurice Druon. Os japoneses tem essa ligação com a natureza, as plantas os animais. Essas delicadezas tão esquecidas no mundo ocidental. Habilidades manuais para o tricot, o crochê, o desenho, a pintura. Esse seu amigo que o chamava de menino do dedo verde gostava de observá-lo mexendo na terra, trocando plantas de vasos, fazendo mudas. Ele se levantava sempre muito cedo, antes do nascer do sol. Normalmente vestia o kimono, fotografava o amanhecer e, em seguida, entregava-se a uma dessas atividades: Dobrar papéis, mexer na terra, compor arranjos com flores, galhos secos e folhagens. Através de séculos e milênios...
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