Ontem participei, na Casa da Gávea, de uma leitura dramática da peça A Caravana da Ilusão, de Alcione Araújo, dentro de um ciclo de leituras em homenagem aos setenta anos desse dramaturgo já falecido. Tive a honra de ter trabalhado na montagem da peça como assistente de direção de Luís Arthur Nunes. Luís foi convidado para dirigir essa leitura mas, como estaria viajando na data, me indicou para substituí-lo na direção. E aí foi só alegria... Dos seis atores que participaram da leitura, quatro eram do elenco original: Andrea Dantas, Angel Palomero, Carolyna Aguiar e Marcos Breda. Mais a participação de Rose Abdalah e Rogério Freitas, que tive o prazer de conhecer. À medida que o trabalho começou, entre cortes e acréscimos no texto, sugestões de intenção para uma fala ou outra, marcações de movimentos, as lembranças afloravam. Tudo o que estava guardado em algum canto da memória vinha à tona divertindo e emocionando a todos. Eu era ainda bem jovem quando participei da montagem dessa peça aqui no Rio. Era o começo da década de noventa e eu tinha acabado de voltar de Paris, onde morei por um ano, caindo direto em dois trabalhos como assistente de Luís Arthur: A Volta ao Lar, de Harold Pinter, e A Caravana da Ilusão. Essa Caravana foi muito especial em vários sentidos. Um primor de encenação, em que cada gesto ou movimento era desenhado como em uma coreografia e pontuados pela deslumbrante trilha sonora especialmente composta por João Carlos Assis Brasil. Tudo isso embalado no belíssimo cenário concebido pelo saudoso Alziro Azevedo, uma caixa mágica composta por telas de filó e telões pintados que transportavam quem assistisse para um mundo de ilusões. O autor, Alcione, ainda vivo na ocasião, participou diretamente da montagem: Primeiro, fazendo uma leitura da peça, ele mesmo, para toda a equipe, em sua casa. O que já foi uma noite memorável. E depois, como Luís Arthur resolveu criar um personagem narrador para manter o texto das rubricas, que é belíssimo, reescrevendo trechos das falas desse novo personagem. Enfim, foi um trabalho lindo que deixou muita saudade. E um pouco dessa saudade toda pode ser saciado no ensaio, na leitura em si e no debate com o público após a apresentação. Fomos presenteados pelos deuses do teatro. Só me resta agradecer ao Luís Arthur pela indicação e à Coordenadora Marcia do Valle por tê-la aceito! E, para terminar citando o próprio Alcione Araujo: "E, entre os homens, nós (artistas) fomos destinados a isso: A criar sonhos e morrer de ilusão"...
Na foto, da esquerda para a direita, Rose Abdalah, Angel Palomero, Carol Aguiar, Marcos Breda, Rogério Freitas e Andrea Dantas clicados por mim da cabine de luz.
terça-feira, 15 de março de 2016
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