segunda-feira, 21 de julho de 2014
LAILA, A MUSICAL
De tempos em tempos sou surpreendido por um artista de muito talento que se destaca no mar de obviedades e repetições em que navegam as artes cênicas nacionais. No último fim de semana fui, muito receoso e com dois pés atrás, assistir ao espetáculo Elis, A Musical. Sou daqueles fãs empedernidos de Elis Regina, dos que choraram muito na sua morte e continuam cultuando sua estrela até hoje. Mas tão empedernido que me recusei até mesmo a assistir sua filha Maria Rita cantando seu repertório. Assim mesmo, fui. Achando que iria detestar e que esse seria mais um show de imitações, com atores representando arremedos grosseiros e caricatos de artistas de renome. Mais um na onda de shows de covers que assola o "musical" brasileiro (aspas intencionalíssimas). Me enganei redondamente, graças a Deus! Esse não é o caso do excelente Elis, A Musical, em cartaz no Teatro Alfa, em São Paulo, um espetáculo de refinado bom gosto. Luz, direção, roteiro, o espetáculo começa e todas as figuras são assim: Desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas, um quadro de impulsos, um processamento de sinais. Mas no meio de tudo se destaca o talento excepcional da protagonista Laila Garin. Laila não imita, ela cria a sua própria Elis com sensibilidade e competência. E quando canta, cai dentro, malandro! (para citar a Pimentinha). Que deleite assistir à apaixonante performance dessa excelente atriz e cantora. Laila brilha com luz própria e não por cantar Elis com perfeição. Às vezes sua voz nem soa parecida com a da Pimentinha, mas é tão bom de se ouvir, que nem precisa. Laila é um passarinho, um canário, o sabiá de Tom Jobim. Soube por um amigo da produção que o espetáculo irá se apresentar em Porto Alegre. Espero que os gaúchos a recebam com a reverência que ela merece. Uma forma nebulosa feita de luz e sombra. Como uma estrela. Laila é uma estrela.
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