sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

GINÁSIO VELHO Há muito tempo, quando ainda não existia celular, internet, banda larga, wi-fi, redes sociais e toda essa infindável série de tranqueiras tecnológicas sem as quais não somos absolutamente nada nem ninguém, o ensino fundamental, ou primeiro grau, era dividido em primário e ginásio. Como eu peguei a reforma do ensino – se não me engano, de 1973 – o meu primeiro grau inteiro já foi considerado uma coisa só, que ia da primeira à oitava série. Só que a gente seguia estudando da primeira à quarta séries no Grupo Escolar, como se ainda fosse primário, e da quinta série em diante éramos transferidos para o Ginásio. Eu cursei a quinta série no recém-inaugurado prédio do Ginásio Novo. Porém, na sexta série fui transferido para o antigo prédio do Ginásio São José, que todos chamavam Ginásio Velho e é dele que quero falar. O prédio, originalmente construído no estilo art-déco, ainda existe. Mas, depois de infindáveis reformas, foi tão descaracterizado que hoje não passa de um arremedo do que outrora fora. Assim como suas vizinhas, a Igreja Nossa Senhora de Soledade e a Casa Canônica. O fato é que o antigo edifício tinha história. E, o que mais me impressionava, tinha um teatro no seu interior. Sim, um teatro de verdade, em estilo italiano, com platéia em formato de ferradura, balcões e camarotes. Com coxias, urdimento e até caixa de ponto. Para os que nunca ouviram falar disso, muitas reformas ortográficas e planos econômicos atrás havia, na boca de cena dos teatros, um alçapão coberto por uma espécie de concha, de onde uma pessoa – o ponto – soprava o texto para os atores. Chic, não? Hoje há quem use ponto eletrônico... E os encantos do antigo prédio não paravam por aí: Havia também uma sala de música, com um piano, onde minha professora, Dona Flora, às vezes nos levava para que meus colegas me ouvissem tocar. Ainda é viva a Dona Flora? Saudades... Foi no palco do Ginásio Velho que assisti pela primeira vez a um espetáculo de teatro. Eu era muito pequeno, só lembro que tive medo e chorei quando meu tio Luizinho, que era ventríloquo, apareceu no palco com seus bonecos e um deles era uma caveira de tamanho natural... Havia também, no andar de baixo, uma oficina de trabalhos manuais e artes industriais. E a livraria dos padres, que ficava na parte da frente, com porta para a rua? Tinha a quadra de esportes, com arquibancadas. Naquele ano, 1975, participei da seleção masculina de handball. A grande emoção era quando viajávamos para as cidades vizinhas para participar dos campeonatos estaduais... Tenho certeza de que havia muitas salas e compartimentos secretos, assim como túneis e passagens que nós não conhecíamos. Essas antigas construções, ainda mais quando feitas por religiosos, sempre guardam mistérios... Não sei o que é feito do Ginásio Velho hoje em dia, parece que até mora gente lá, ou já morou. Quem porventura ler e souber, por favor, me conta? Na foto, o Ginásio Velho quando ainda era novo.

Um comentário:

  1. Noooossa !!! tbém tive a Dona Flora como professora particular de piano !!! tbém gostaria de saber se ela ainda está viva.....

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