PRAQUELE LUGAR
Dia
desses li no jornal Zero Hora uma matéria sobre músicas chiclete, que grudam na
cabeça da gente e não saem mais. Não consigo lembrar em que região do cérebro
elas se instalam, aflitivas, e mesmo durante a noite, quando a gente vira de
lado na cama, elas continuam lá, nos torturando o sono. Gostaria muito de poder
bloquear essa região cerebral, blindá-la, instalar uma cerca elétrica ou, pelo
menos, um insulfilme. Nunca me senti tão bombardeado assim. Antigamente era um
Luiz Caldas aqui, uma banda Kaoma ali, nada grave, havia toda uma safra de
Chicos, Miltons e Caetanos para compensar. Mas, hoje em dia, a coisa está
séria, ultrapassou os limites do suportável. Não dá mais para assistir às novelas:
Elas estão em todas as trilhas. Não quero tchu! Não quero tcha!! Li, também, e
isso foi na biografia de Clarice Lispector, que uma pesquisa constatou a
existência de pessoas “amortecedoras”,
para as quais barulhos, cheiros, agitação, provocam leve desconforto, e pessoas
“amplificadoras”, para as quais o volume de todas as experiências sensoriais é
elevado ao máximo, gente que se incomoda com o som do rádio, com a voz das pessoas, com o tempero da comida, com o caráter
berrante do papel de parede. Eu, obviamente, me incluo nessa última categoria,
um amplificador que sonha desesperadamente com sossego, silêncio e paz. Nossa!
Assim vocês me matam... Se juntarmos todo esse lixo sonoro que está bombando as
mídias em um pacote, ou melhor, em um container, tal o volume, ele nem vai valer
um e noventa e nove...E só o que eu desejo é bloquear meu cérebro a essa
invasão ou, sei lá, mandar esse lixo todo praquele lugar...
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