SÓ GAROTOS
Histórias de vida de artistas, suas trajetórias do anonimato à fama, sempre me interessaram e invariavelmente me emocionam. Foi assim com as biografias de Carmen Miranda, de Maysa e Leila Diniz. Foi assim com a leitura de Pra Sempre Teu, Caio F, que Paula Dipp escreveu em homenagem ao escritor Caio Fernando Abreu. Com Só as Mães São Felizes, de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, também foi assim. Com Quase Tudo, de Danuza Leão, também. Alguns amigos chegam a pensar que adoro biografias e me presenteiam com elas. Mas não é propriamente de biografias que gosto, e sim de biografados. Suas vidas. Seus sentimentos. Angústias. Crises. Sucesso, reconhecimento. Tudo isso envolve emoções que me tocam profundamente. Senão como artista, como público leitor. Terminei nesse instante a leitura de Só Garotos, de Patti Smith, história que ela prometeu a Robert Mapplethorpe, antes de ele morrer, que escreveria. Patti cumpriu o prometido com louvor. Esse Só Garotos é emocionante, envolvente, e tem a capacidade de transportar o leitor – falo por mim – para a cena underground de Nova Iorque dos anos sessenta, setenta e oitenta. Eu não sabia nada sobre ela mas já era fã de Robert há muito tempo. Tenho guardados, até hoje, recortes de fotografias suas que saíram em uma matéria da Veja no final dos oitenta, provavelmente quando da sua morte, que foi em 1989. Sempre me interessaram suas imagens. Intrigantes. Chocantes. Belas. Flores que exalam sexo. Sexos que exalam dor. Fetiche. Sadomasoquismo. Quando você conhece o artista entende melhor a sua obra. Se é que obra de arte é algo pra ser entendido. Chicote enfiado no cú. Auto-retratos. Maquiagem, drag-queens. Androginia. Homem de terno com enorme pau preto pra fora da braguilha. Negros e brancos fazendo contraste. Patti nos conta do começo de tudo isso. Das descobertas de Robert. Sua arte, sua sexualidade, de como chegou na fotografia. De Sam Sheppard, de Andy Warhol, de Bob Dylan, Candy Darling, Sam Wagstaff. De como a Aids chegou ceifando vidas. Do amor que sempre os uniu e revelou seus talentos. É uma linda história de amor e de amizade. Tudo estava para ser feito e descoberto. Para ser lançado, revelado. Os artistas eram originais, criativos. Inovavam com sua arte. Sinto, ao terminar a leitura desse livro, mais ou menos como me senti após assistir ao documentário sobre os Dzi Croquettes: É possível se fazer algo novo hoje em dia? Ser original, renovar, inovar? Só vejo cópias. Lady Gaga querendo ser Maddona. Dá uma certa tristeza de não ter sido artista naqueles anos. Hoje é tudo burocrático. Ninguém mais fala de novos trabalhos. Só de novos projetos. Tudo é projeto, é lei. É enquadrado e repetitivo. Tudo ficou careta. Estabelecido. Artistas não querem romper normas. Parece que tudo o que querem os artistas hoje em dia é se enquadrar. Serem aceitos. Consumidos pelo público. Divulgados pela mídia. Estampados em capas de revistas. Para terem seus projetos parocinados por grandes empresas. E passarem férias na ilha de Caras...
Histórias de vida de artistas, suas trajetórias do anonimato à fama, sempre me interessaram e invariavelmente me emocionam. Foi assim com as biografias de Carmen Miranda, de Maysa e Leila Diniz. Foi assim com a leitura de Pra Sempre Teu, Caio F, que Paula Dipp escreveu em homenagem ao escritor Caio Fernando Abreu. Com Só as Mães São Felizes, de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, também foi assim. Com Quase Tudo, de Danuza Leão, também. Alguns amigos chegam a pensar que adoro biografias e me presenteiam com elas. Mas não é propriamente de biografias que gosto, e sim de biografados. Suas vidas. Seus sentimentos. Angústias. Crises. Sucesso, reconhecimento. Tudo isso envolve emoções que me tocam profundamente. Senão como artista, como público leitor. Terminei nesse instante a leitura de Só Garotos, de Patti Smith, história que ela prometeu a Robert Mapplethorpe, antes de ele morrer, que escreveria. Patti cumpriu o prometido com louvor. Esse Só Garotos é emocionante, envolvente, e tem a capacidade de transportar o leitor – falo por mim – para a cena underground de Nova Iorque dos anos sessenta, setenta e oitenta. Eu não sabia nada sobre ela mas já era fã de Robert há muito tempo. Tenho guardados, até hoje, recortes de fotografias suas que saíram em uma matéria da Veja no final dos oitenta, provavelmente quando da sua morte, que foi em 1989. Sempre me interessaram suas imagens. Intrigantes. Chocantes. Belas. Flores que exalam sexo. Sexos que exalam dor. Fetiche. Sadomasoquismo. Quando você conhece o artista entende melhor a sua obra. Se é que obra de arte é algo pra ser entendido. Chicote enfiado no cú. Auto-retratos. Maquiagem, drag-queens. Androginia. Homem de terno com enorme pau preto pra fora da braguilha. Negros e brancos fazendo contraste. Patti nos conta do começo de tudo isso. Das descobertas de Robert. Sua arte, sua sexualidade, de como chegou na fotografia. De Sam Sheppard, de Andy Warhol, de Bob Dylan, Candy Darling, Sam Wagstaff. De como a Aids chegou ceifando vidas. Do amor que sempre os uniu e revelou seus talentos. É uma linda história de amor e de amizade. Tudo estava para ser feito e descoberto. Para ser lançado, revelado. Os artistas eram originais, criativos. Inovavam com sua arte. Sinto, ao terminar a leitura desse livro, mais ou menos como me senti após assistir ao documentário sobre os Dzi Croquettes: É possível se fazer algo novo hoje em dia? Ser original, renovar, inovar? Só vejo cópias. Lady Gaga querendo ser Maddona. Dá uma certa tristeza de não ter sido artista naqueles anos. Hoje é tudo burocrático. Ninguém mais fala de novos trabalhos. Só de novos projetos. Tudo é projeto, é lei. É enquadrado e repetitivo. Tudo ficou careta. Estabelecido. Artistas não querem romper normas. Parece que tudo o que querem os artistas hoje em dia é se enquadrar. Serem aceitos. Consumidos pelo público. Divulgados pela mídia. Estampados em capas de revistas. Para terem seus projetos parocinados por grandes empresas. E passarem férias na ilha de Caras...
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