VIAJANTE
Quando penso que vou parar quieto em casa, sem fazer nem desfazer nenhuma mala, me vejo na estrada outra vez. É o destino de aventureiro que me chama. É minha inquietação natural. É o desconhecido me atraindo sempre. Quem lê pensa que peguei uma mochila e saí desbravando o sertão do Brasil ou cruzando os oceanos rumo a outros continentes. Nada disso. Apenas vim mais uma vez a Porto Alegre para minhas visitas regulares ao dentista. Melhor, aos dentistas. Que agora são três. Mas, como no mês que vem já embarco para os Estados Unidos e depois para a França, o clima já é totalmente on the road. Principalmente porque viajo embalado pela leitura de Patti Smith e seu deliciosamente beat Só Garotos. Não sei porque esse livro demorou tanto para me cair nas mãos. Mas, felizmente, me foi recomendado por minha amiga Agnes Zuliani. Tenho me fartado, como se fosse da turma e ficasse, junto com Patti e Robert, frequentando os bares e restaurantes onde Andy Warhol e seu entourage eram habitués. Robert, no caso, é o fotógrafo Robert Mapplethorpe, de quem eu já era fã há muito tempo e cujas obras já pude apreciar, se não me engano, numa bienal em São Paulo. Na minha adolescência fui muito influenciado pelo estilo beat de Escritores como Allen Ginsberg, William Burroughs e Jack Kerouak. Patti e Robert eram totalmente beat generation, pré- hippies buscando sua forma de expressão artística em meio a uma profusão de referências estéticas e comportamentais na Nova Iorque dos anos sessenta. Adoro as fotografias de Mapplethorpe, a sua maneira elegante e delicada de transpor a fronteira entre arte e pornografia. Ou provar que não existe tal fronteira. Ao contrário do que o título do livro possa sugerir, o Só Meninos refere-se à pouca idade de Patti e Robert quando viviam suas aventuras na Big Apple. Mas não quero fazer resenha. Apenas transpor para o post o clima dos dias atuais. Ouço muito Stacey Kent e seu Raconte-moi. A lua cheia nos brinda com sua iluminada presença não apenas à noite, mas também pela manhã. E o céu de Porto Alegre segue claro e os dias de outono tem uma luz no mínimo acolhedora. Cheguei ontem à noite e já fui tomar sopa com meu amigo Guto de Castro, comemorando a passagem de seus anos. Guto também é fotógrafo, como Robert. Eu também sou Robert, como o fotógrafo. Ah! E já vivi com Patti, no início dos noventa, em Paris. Era minha roommate Patrícia Wood. E lá se vão vinte anos. Os anos agora passam assim, depressa. Sem avisar. Quando se vê, já passou. Como dizia Dusek, o destino de aventureiro é seu nome num grafitti de banheiro. Coração tatuado em marinheiro, um recado escrito no dinheiro...
Nas fotos, mercadinho na Avenida Protásio Alves e Patti e Robert.
Quando penso que vou parar quieto em casa, sem fazer nem desfazer nenhuma mala, me vejo na estrada outra vez. É o destino de aventureiro que me chama. É minha inquietação natural. É o desconhecido me atraindo sempre. Quem lê pensa que peguei uma mochila e saí desbravando o sertão do Brasil ou cruzando os oceanos rumo a outros continentes. Nada disso. Apenas vim mais uma vez a Porto Alegre para minhas visitas regulares ao dentista. Melhor, aos dentistas. Que agora são três. Mas, como no mês que vem já embarco para os Estados Unidos e depois para a França, o clima já é totalmente on the road. Principalmente porque viajo embalado pela leitura de Patti Smith e seu deliciosamente beat Só Garotos. Não sei porque esse livro demorou tanto para me cair nas mãos. Mas, felizmente, me foi recomendado por minha amiga Agnes Zuliani. Tenho me fartado, como se fosse da turma e ficasse, junto com Patti e Robert, frequentando os bares e restaurantes onde Andy Warhol e seu entourage eram habitués. Robert, no caso, é o fotógrafo Robert Mapplethorpe, de quem eu já era fã há muito tempo e cujas obras já pude apreciar, se não me engano, numa bienal em São Paulo. Na minha adolescência fui muito influenciado pelo estilo beat de Escritores como Allen Ginsberg, William Burroughs e Jack Kerouak. Patti e Robert eram totalmente beat generation, pré- hippies buscando sua forma de expressão artística em meio a uma profusão de referências estéticas e comportamentais na Nova Iorque dos anos sessenta. Adoro as fotografias de Mapplethorpe, a sua maneira elegante e delicada de transpor a fronteira entre arte e pornografia. Ou provar que não existe tal fronteira. Ao contrário do que o título do livro possa sugerir, o Só Meninos refere-se à pouca idade de Patti e Robert quando viviam suas aventuras na Big Apple. Mas não quero fazer resenha. Apenas transpor para o post o clima dos dias atuais. Ouço muito Stacey Kent e seu Raconte-moi. A lua cheia nos brinda com sua iluminada presença não apenas à noite, mas também pela manhã. E o céu de Porto Alegre segue claro e os dias de outono tem uma luz no mínimo acolhedora. Cheguei ontem à noite e já fui tomar sopa com meu amigo Guto de Castro, comemorando a passagem de seus anos. Guto também é fotógrafo, como Robert. Eu também sou Robert, como o fotógrafo. Ah! E já vivi com Patti, no início dos noventa, em Paris. Era minha roommate Patrícia Wood. E lá se vão vinte anos. Os anos agora passam assim, depressa. Sem avisar. Quando se vê, já passou. Como dizia Dusek, o destino de aventureiro é seu nome num grafitti de banheiro. Coração tatuado em marinheiro, um recado escrito no dinheiro...
Nas fotos, mercadinho na Avenida Protásio Alves e Patti e Robert.
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