quinta-feira, 5 de maio de 2011




STACEY KENT
Ontem fui, a convite do meu amigo Helges Bandeira, assistir ao concerto de Stacey Kent com o Trio Corrente na Sala São Paulo. A Sala São Paulo em si é sempre impressionante e a própria Estação Julio Prestes, onde ela está localizada, não fica a dever. Parece que a gente está em Munique, Paris ou outra cidade da Europa. A arquitetura é deslumbrante e a acústica da sala permite ouvir até mesmo os sussurros e respirações dos intérpretes. Quando se trata de uma cantora com o nível de sutilezas de interpretação de Satcey Kent, então, é um deleite estético raro. Confesso o meu atraso em conhecer a arte dessa intérprete refinadíssima: Só vim a ter contato com o trabalho de Satcey no ano passado, em Paris, por indicação de meu amigo João Faria. Foi amor à primeira ouvida... Ela passeia pelo jazz, pela chanson française e pela música brasileira harmonizando tudo com a maestria de quem, além de ter muito talento, tem estilo, identidade musical. Eu poderia ficar falando o post inteiro sobre o talento incomensurável dessa moça que além de talentosa é também belíssima. Mas quero falar, também, da sua relação com a língua portuguesa, da qual é admiradora e tem se revelado excelente aluna. Sim, ela estuda português. Além de cantora, Stacey é formada em literatura... Fala o tempo todo em português e, ao elogiar a nossa língua dizendo ser a mais linda do mundo, diz ser também a mais difícil. Não sei se é a mais difícil. Mas que é muito difícil, é. A prova disso é que nem mesmo nós, os brasileiros, sabemos falá-la corretamente... Escrever, então, nem se fala. Ou melhor, se escreve. Stacey segue dizendo que o homem mais importante da sua vida, depois do marido Jim, é João Gilberto. Elogia a musicalidade do povo brasileiro e diz ficar impressionada ao ver como cantamos junto com os artistas nos shows e sabemos de cor todas as letras das músicas. O espetáculo fez parte da Série TUCCA de Concertos, que são beneficentes e colaboram com a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer. O que fez a noite ainda mais especial. Quando Satcey senta numa cadeira e pega o violão para tocar Corcovado ela fica ainda mais iluminada. Não pensei que fosse ficar babando o tempo todo quando comecei a escrever esse post. Mas o que é belo merece sempre ser exaltado. O Samba Sarava, versão francesa de Samba da Benção, de Vinicius e Baden Powel, fica incrível na sua voz. Eu conhecia a gravação ao vivo da Elis no Olympia de Paris. E ela encerra emprestando sua delicadeza a What a Wonderful World, imortalizada por Louis Amstrong... Quero mais Satcey Kent! Tenho dois CDs dela: Breakfast on the Morning Tram, que traz suas versões para La Saison des Pluies e Ces Petits Riens, de Gainsbourg, e In Love Again, no qual interpreta as canções de Richard Rodgers. Ambos impecáveis. Agora vou correndo comprar o novo, todo en francês: Raconte-moi... À bientôt!

6 comentários:

  1. Ela e de fato muito boa e deliciosa de escutar... e imagino que ao vivo seja melhor ainda. Faz um estilo parecido com Madeleine Peyroux, french-american jazz singer, a quem gosto muito tambem e que tu obviamente deves conhecer. Bjs.

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  2. Roberto,
    Belo post.Talvez ela venha aqui em Belo Horizonte em agosto.Minha apreciação pela musica da Stacey Kent é também recente.Se você não conhece ainda, vai aí uma sugestão.Ouça no youtube uma outra cantora que influenciou a Stacey Kent. Ela se chama Blossom Dearie
    um abraço aqui de Belo Horizonte. Eduardo

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  3. Inveja branca... adoro a Stacey Kent! Raconte-moi é uma jóia rara.
    Muque de Peão

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  4. Roberto,
    Nada a ver com Stacey Kent, mas aproveitando o post musical, você conhece a Melody Gardot? Pelo pouco que sei de seu gosto musical tive a impressão que você gostaria muito dela. Escrevi sobre ela hoje no Muque de Peão.
    Abraço,
    **

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  5. Conheço sim, Luciano. E adoro. Já escrevi sobre ela aqui no blog, no post A Voz Humana, de julho de 2010.Valeu!

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  6. ADORO! Tenho Breakfast On The Morning Tram e ouço horrores, é minha trilha sonora para escrever...

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