O VÔO DA BORBOLETA
Eu sou um grande admirador do colunista, romancista, contista e dramaturgo Antonio Bivar. Gosto de tudo o que ele escreve. Aliás, uma das primeiras peças de teatro a que assisti, em 1978, em Porto Alegre, foi justamente Alzira Power, de sua autoria. Vivíamos o auge da censura e eu, no auge dos meus catorze aninhos, só consegui entrar no teatro devido a uma distração do segurança que ficava na porta...Um dia li na coluna do Bivar em uma revista que, certa feita, quando ele trabalhava para Samuel Wainer em uma de suas publicações, Samuel teria dito: Bivar, escreva sempre, e sempre entregue seus textos no prazo. Se um dia faltar assunto, e isso vai acontecer, invente. Escreva, sei lá, sobre o vôo da borboleta. Mas escreva. É isso: o vôo da borboleta do título do post significa o meu momento falta de assunto. Demorou mais de um ano, mas chegou. Já estamos na metade do mês de março e eu só havia escrito um post. E não é que não esteja acontecendo nada na minha vida, na cidade, no país ou no mundo. Imagina! O Japão na calamidade em que se encontra. Os preparativos para a visita de Obama, o casamento do príncipe William, a despedida do carnaval, o Mau Mau que deixou a casa do BBB 11, a Glória Pires presa injustamente na novela... Mas sabe a síndrome da página em branco? Que se transmutou em uma tela do word te olhando vazia? Eu tenho um compromisso, comigo mesmo e com os leitores, de alimentar esse blog. Por isso, minha borboleta de asas coloridas e brilhantes voa feito louca dentro de casa, se debatendo nos móveis, janelas, lustres... Agora ela fez um pouso na tela do computador. Ficou tão lindo! Imaginem uma borboleta em São Paulo, flanando perdida pelos Jardins, errando de prédio em prédio, até que encontra aberta a minha janela, me vê parado em frente ao computador e pensa – se é que borboletas pensam – Pobre escritor sem assunto, preciso ajudá-lo. Obrigado, borboleta. Acho que você está conseguindo me salvar. Deixa eu ver...É, já tenho quase meia página de texto... Valeu! Meu olhar se divide entre a borboleta pousada na tela e a cuia do chimarrão. Sim, eu mantenho o gauchesco hábito do chimarrão diário. Sozinho, mas mantenho. O bom, lá no Rio Grande, é que os amigos sempre passam na sua casa, no fim da tarde, pra tomar chimarrão juntos. E aí sim, assunto é o que não falta! Semana que vem, mais precisamente no dia 22, vai completar quinze anos que estou morando em São Paulo... E ainda assim sigo tomando meu chimarrão, falando com sotaque gaúcho e escrevando sobre borboletas pra disfarçar a falta de assunto. Obrigado, Bivar. Um dos meus escritores preferidos me salvando do constrangimento de não ter o que dizer... Mas, como dizia Clarice, outra das minhas preferidas, há tanto o que se ler nas entrelinhas... À bientôt!
Na foto, Bivar e Leilah Assumpção nos anos setenta.
Eu sou um grande admirador do colunista, romancista, contista e dramaturgo Antonio Bivar. Gosto de tudo o que ele escreve. Aliás, uma das primeiras peças de teatro a que assisti, em 1978, em Porto Alegre, foi justamente Alzira Power, de sua autoria. Vivíamos o auge da censura e eu, no auge dos meus catorze aninhos, só consegui entrar no teatro devido a uma distração do segurança que ficava na porta...Um dia li na coluna do Bivar em uma revista que, certa feita, quando ele trabalhava para Samuel Wainer em uma de suas publicações, Samuel teria dito: Bivar, escreva sempre, e sempre entregue seus textos no prazo. Se um dia faltar assunto, e isso vai acontecer, invente. Escreva, sei lá, sobre o vôo da borboleta. Mas escreva. É isso: o vôo da borboleta do título do post significa o meu momento falta de assunto. Demorou mais de um ano, mas chegou. Já estamos na metade do mês de março e eu só havia escrito um post. E não é que não esteja acontecendo nada na minha vida, na cidade, no país ou no mundo. Imagina! O Japão na calamidade em que se encontra. Os preparativos para a visita de Obama, o casamento do príncipe William, a despedida do carnaval, o Mau Mau que deixou a casa do BBB 11, a Glória Pires presa injustamente na novela... Mas sabe a síndrome da página em branco? Que se transmutou em uma tela do word te olhando vazia? Eu tenho um compromisso, comigo mesmo e com os leitores, de alimentar esse blog. Por isso, minha borboleta de asas coloridas e brilhantes voa feito louca dentro de casa, se debatendo nos móveis, janelas, lustres... Agora ela fez um pouso na tela do computador. Ficou tão lindo! Imaginem uma borboleta em São Paulo, flanando perdida pelos Jardins, errando de prédio em prédio, até que encontra aberta a minha janela, me vê parado em frente ao computador e pensa – se é que borboletas pensam – Pobre escritor sem assunto, preciso ajudá-lo. Obrigado, borboleta. Acho que você está conseguindo me salvar. Deixa eu ver...É, já tenho quase meia página de texto... Valeu! Meu olhar se divide entre a borboleta pousada na tela e a cuia do chimarrão. Sim, eu mantenho o gauchesco hábito do chimarrão diário. Sozinho, mas mantenho. O bom, lá no Rio Grande, é que os amigos sempre passam na sua casa, no fim da tarde, pra tomar chimarrão juntos. E aí sim, assunto é o que não falta! Semana que vem, mais precisamente no dia 22, vai completar quinze anos que estou morando em São Paulo... E ainda assim sigo tomando meu chimarrão, falando com sotaque gaúcho e escrevando sobre borboletas pra disfarçar a falta de assunto. Obrigado, Bivar. Um dos meus escritores preferidos me salvando do constrangimento de não ter o que dizer... Mas, como dizia Clarice, outra das minhas preferidas, há tanto o que se ler nas entrelinhas... À bientôt!
Na foto, Bivar e Leilah Assumpção nos anos setenta.
"A alma é uma borboleta...
ResponderExcluirhá um instante em que uma voz nos diz
que chegou o momento de uma grande metamorfose..."
Rubem Alves
Adorei, André!
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