A DESCOBERTA DO MUNDO
Eu já era fã de Clarice Lispector e leitor adicto de seus livros quando, em Dezembro de 1984 (Esqueçam essa data, por favor!!), comprei o livro A Descoberta do Mundo, uma compilação das crônicas que ela escreveu na imprensa brasileira entre 1967 e 1973. Chamar de crônicas os escritos contidos nesse livro é redutor. É muito mais do que crônicas. E, às vezes, muito menos. Frases somente. Mas se tratando de Clarice tudo sempre é, no mínimo, inclassificável. Foi amor à primeira vista. Esse livro passou a ser meu companheiro constante, meu confidente, meu melhor amigo, meu namorado. Meu cúmplice. Ele me revelava aos poucos a mim mesmo, adolescente tardio que eu era nos meus vinte e um anos de idade. Eu gostava de viajar de carona, nas férias, levando apenas minha barraca. E acampava em lugares como a praia da Pinheira, em Santa Catarina, Ilha do Mel, no Paraná, ou em Trancoso, no sul da Bahia - Quando Trancoso era praticamente só as casinhas do Quadrado. O livro estava sempre comigo. Lembro de noites com chuva, que não dava para sair e eu ficava dentro da minha barraca, com uma vela acesa, lendo Clarice...( Lourd pour um jeune homme, n’est pas?) Eu sublinhava, fazia anotações, desenhos em suas páginas. Quando gostava muito de um escrito anotava o título e o número da página na parte interna da capa. Um dos meus preferidos era Saudade, que dizia: saudade é um pouco como fome, só passa quando se come a presença...Eu lia esses escritos de maneira aleatória, sem seguir a ordem na qual estavam impressos, o que me fez ler varias vezes os mesmos e sempre ser surpreendido por coisas que ainda não havia lido. Fiquei lendo dessa forma durante muitos anos. Quando mudei para São Paulo, em 1996, ainda não tinha certeza se já havia lido o livro todo, então resolvi começar a relê-lo da primeira à ultima página, para ter certeza de que realmente o lera por completo. Adorei. Re-adorei. Hoje ele não está mais na minha cabeceira, que vive cheia de livros na fila de espera, melhor dizendo: na pilha de espera, outros em leitura, outros abandonados. Mas de tempos em tempos eu o pego no armário para reler alguns trechos. É impressionante como me vejo lá. Ele me contém. E eu estou contido nessa descoberta do mundo. Ele é um dos meus amigos mais antigos...
Eu já era fã de Clarice Lispector e leitor adicto de seus livros quando, em Dezembro de 1984 (Esqueçam essa data, por favor!!), comprei o livro A Descoberta do Mundo, uma compilação das crônicas que ela escreveu na imprensa brasileira entre 1967 e 1973. Chamar de crônicas os escritos contidos nesse livro é redutor. É muito mais do que crônicas. E, às vezes, muito menos. Frases somente. Mas se tratando de Clarice tudo sempre é, no mínimo, inclassificável. Foi amor à primeira vista. Esse livro passou a ser meu companheiro constante, meu confidente, meu melhor amigo, meu namorado. Meu cúmplice. Ele me revelava aos poucos a mim mesmo, adolescente tardio que eu era nos meus vinte e um anos de idade. Eu gostava de viajar de carona, nas férias, levando apenas minha barraca. E acampava em lugares como a praia da Pinheira, em Santa Catarina, Ilha do Mel, no Paraná, ou em Trancoso, no sul da Bahia - Quando Trancoso era praticamente só as casinhas do Quadrado. O livro estava sempre comigo. Lembro de noites com chuva, que não dava para sair e eu ficava dentro da minha barraca, com uma vela acesa, lendo Clarice...( Lourd pour um jeune homme, n’est pas?) Eu sublinhava, fazia anotações, desenhos em suas páginas. Quando gostava muito de um escrito anotava o título e o número da página na parte interna da capa. Um dos meus preferidos era Saudade, que dizia: saudade é um pouco como fome, só passa quando se come a presença...Eu lia esses escritos de maneira aleatória, sem seguir a ordem na qual estavam impressos, o que me fez ler varias vezes os mesmos e sempre ser surpreendido por coisas que ainda não havia lido. Fiquei lendo dessa forma durante muitos anos. Quando mudei para São Paulo, em 1996, ainda não tinha certeza se já havia lido o livro todo, então resolvi começar a relê-lo da primeira à ultima página, para ter certeza de que realmente o lera por completo. Adorei. Re-adorei. Hoje ele não está mais na minha cabeceira, que vive cheia de livros na fila de espera, melhor dizendo: na pilha de espera, outros em leitura, outros abandonados. Mas de tempos em tempos eu o pego no armário para reler alguns trechos. É impressionante como me vejo lá. Ele me contém. E eu estou contido nessa descoberta do mundo. Ele é um dos meus amigos mais antigos...
no capítulo anterior, vimos a descoberta da leitura sob a benévola influência de cantídio borjes (com j). hoje foi a vez da descoberta do mundo pelas mãos de clarice lispector. diga-me, ó caro roberto, que outras descobertas teremos o prazer de degustar nos próximos capítulos? do amor, do sexo, da arte dramática? alimente nossa curiosidade com suas doses diárias de tão saborosas memórias.
ResponderExcluirKkkkk...
ResponderExcluirFaz o teu blog logo, Cau!
Pois é, e eu que começei a ler Clarice com 13 anos, e o professor de literatura disse que não era literatura prá alguém da minha idade. Azar o dele, hoje é minha autora predileta...
ResponderExcluirbjs,
Anne.
Anne, o que vamos fazer se somos do interior?
ResponderExcluirTer vida interior...rsrs.