EU AMO SÃO PAULO
Eu amo São Paulo. A cidade que não para. Desde a Semana de Arte Moderna até a São Paulo Fashion Week. A metrópole que reúne todas as gastronomias, todas as culturas, todas as boemias, e que recebe todas as etnias. Italianos da Mooca ou do Bexiga, judeus do Bom Retiro ou de Higienópolis, nisseis e sanseis da Liberdade, playboys do Morumbi, patricinhas da Vila Nova Conceição, famosos e descolados dos Jardins, michês e travestis do Centro, putas da Cidade Universitária, cobras do Butantã e quem mais eu possa ter esquecido de citar aqui. Todos vivem, trabalham, circulam em São Paulo. E o stress? Bem, eu tenho amigos em Soledade que são estressados. Em Salvador também. Trânsito? Eu arrisco dizer que o trânsito não é mais exclusividade paulistana e que São Paulo está exportando essa modernidade para as demais capitais do Brasil. Ta, tem aquele papo da qualidade de vida. Mas ar puro, silêncio e lindas paisagens enchem barriga? Qualidade de vida pra mim é mercado de trabalho, é ter oportunidades na sua área, enfim, é ter dinheiro no banco pra pagar as contas. E, claro, de vez em quando poder sair de São Paulo pra desanuviar a cabeça. Qualidade de vida pra mim é diversidade. Cultural, social, sexual, histórica. É ter opções de lazer, de entretenimento e de aprofundamento dos seus interesses, sejam eles quais forem. Esse prefácio interessantíssimo, que nada tem de paranóia ou mistificacão, é somente para declarar meu amor pela desvairada paulicéia...Minha paixão por São Paulo é antiga. A primeira vez que vim pra cá eu tinha onze anos de idade. Lembro que o Metro recém tinha sido inaugurado e dar uma volta de Metro era o must. Guardo até hoje o bilhete, que na ocasião era marrom. E a emoção que foi subir até o Terraço Itália com minha tia e meus primos pra tomar um sorvete? Me senti em pleno futuro. Anos depois, já adulto, eu trabalhava no Banco Itaú, em Porto Alegre, e fui escolhido para vir a São Paulo trazer um malote para entregar lá na agencia do Jabaquara. Eu vim de manhã cedo, entreguei o malote e tive o dia livre para passear pela cidade e, só à tardinha, voltar na agencia para pegar o malote e levar de volta a Porto Alegre. Meu tio me esperou no aeroporto e passou o dia comigo, me levando nos lugares que eu pedi a ele pra conhecer. A primeira coisa que quis ver foi a esquina da Ipiranga com a São João. Lembro da cara de espanto do meu tio seguida da pergunta: mas porque você quer ir lá? Não tem nada lá pra você! Eu ri, dizendo que era fã do Caetano Veloso e que ele citava essa esquina na canção Sampa, que fizera em homenagem a São Paulo. Bem depois, em 1987, vim como ator do espetáculo Império da Cobiça, do Grupo Tear, de Porto Alegre. Ficamos mais ou menos uns três meses por aqui, em cartaz no Sesc Anchieta. Aí sim, eu já estava irremediavelmente apaixonado. Fiquei hospedado na casa da minha amiga Bia Bernardo (por onde andará??) que ficava na Rego Freitas, bem próximo do teatro e dos bares e cantinas do Bexiga, que na noite bombavam. (Quem diria que anos depois a mesma Rego Freitas seria o berço da Terca Insana?) Tinha o Espaço Pirandello, na Augusta, que era o máximo, pois, além de reunir todo mundo que era bacana, tinha uma livraria no subsolo! Pra mim, simplesmente inacreditável. E o telefone com fichas dentro do Ritz? Não acreditei e liguei na hora pra minha irmã Raquel, em Porto Alegre, pra contar tamanha modernidade. Tinha o La Baguette e o Riviera, na Consolação, e o melhor: teatro todos os dias da semana. O que, para quem estava em cartaz de quinta a domingo era o máximo. Sim, eu cheguei a fazer teatro de quinta a domingo. E ensaio pra censura, também. Bom, deixa pra lá.
Eu ainda fiquei muito tempo em Porto Alegre sonhando morar aqui. E, sempre que podia, vinha visitar minha amiga Lucia Serpa, que já havia mudado pra São Paulo. Aí eu aproveitava para assistir a todos os espetáculos, shows, filmes, era uma delícia. Com o tempo a minha mudança pra cá tornou-se inevitável e essa mesma amiga, Lucia Serpa, me indicou pra trabalhar num espetáculo do grupo XPTO e aí começa uma outra história. Esse post me foi motivado pelo aniversário de São Paulo, que foi ontem, e que passei em casa, pois chovia torrencialmente como, aliás, tem sido em todos os dias desse verão. São Paulo completou quatrocentos e cinqüenta e seis anos, catorze dos quais comigo morando aqui. E cada vez mais apaixonado. Aliás, essa paixão já se transformou em amor faz tempo...
Eu amo São Paulo. A cidade que não para. Desde a Semana de Arte Moderna até a São Paulo Fashion Week. A metrópole que reúne todas as gastronomias, todas as culturas, todas as boemias, e que recebe todas as etnias. Italianos da Mooca ou do Bexiga, judeus do Bom Retiro ou de Higienópolis, nisseis e sanseis da Liberdade, playboys do Morumbi, patricinhas da Vila Nova Conceição, famosos e descolados dos Jardins, michês e travestis do Centro, putas da Cidade Universitária, cobras do Butantã e quem mais eu possa ter esquecido de citar aqui. Todos vivem, trabalham, circulam em São Paulo. E o stress? Bem, eu tenho amigos em Soledade que são estressados. Em Salvador também. Trânsito? Eu arrisco dizer que o trânsito não é mais exclusividade paulistana e que São Paulo está exportando essa modernidade para as demais capitais do Brasil. Ta, tem aquele papo da qualidade de vida. Mas ar puro, silêncio e lindas paisagens enchem barriga? Qualidade de vida pra mim é mercado de trabalho, é ter oportunidades na sua área, enfim, é ter dinheiro no banco pra pagar as contas. E, claro, de vez em quando poder sair de São Paulo pra desanuviar a cabeça. Qualidade de vida pra mim é diversidade. Cultural, social, sexual, histórica. É ter opções de lazer, de entretenimento e de aprofundamento dos seus interesses, sejam eles quais forem. Esse prefácio interessantíssimo, que nada tem de paranóia ou mistificacão, é somente para declarar meu amor pela desvairada paulicéia...Minha paixão por São Paulo é antiga. A primeira vez que vim pra cá eu tinha onze anos de idade. Lembro que o Metro recém tinha sido inaugurado e dar uma volta de Metro era o must. Guardo até hoje o bilhete, que na ocasião era marrom. E a emoção que foi subir até o Terraço Itália com minha tia e meus primos pra tomar um sorvete? Me senti em pleno futuro. Anos depois, já adulto, eu trabalhava no Banco Itaú, em Porto Alegre, e fui escolhido para vir a São Paulo trazer um malote para entregar lá na agencia do Jabaquara. Eu vim de manhã cedo, entreguei o malote e tive o dia livre para passear pela cidade e, só à tardinha, voltar na agencia para pegar o malote e levar de volta a Porto Alegre. Meu tio me esperou no aeroporto e passou o dia comigo, me levando nos lugares que eu pedi a ele pra conhecer. A primeira coisa que quis ver foi a esquina da Ipiranga com a São João. Lembro da cara de espanto do meu tio seguida da pergunta: mas porque você quer ir lá? Não tem nada lá pra você! Eu ri, dizendo que era fã do Caetano Veloso e que ele citava essa esquina na canção Sampa, que fizera em homenagem a São Paulo. Bem depois, em 1987, vim como ator do espetáculo Império da Cobiça, do Grupo Tear, de Porto Alegre. Ficamos mais ou menos uns três meses por aqui, em cartaz no Sesc Anchieta. Aí sim, eu já estava irremediavelmente apaixonado. Fiquei hospedado na casa da minha amiga Bia Bernardo (por onde andará??) que ficava na Rego Freitas, bem próximo do teatro e dos bares e cantinas do Bexiga, que na noite bombavam. (Quem diria que anos depois a mesma Rego Freitas seria o berço da Terca Insana?) Tinha o Espaço Pirandello, na Augusta, que era o máximo, pois, além de reunir todo mundo que era bacana, tinha uma livraria no subsolo! Pra mim, simplesmente inacreditável. E o telefone com fichas dentro do Ritz? Não acreditei e liguei na hora pra minha irmã Raquel, em Porto Alegre, pra contar tamanha modernidade. Tinha o La Baguette e o Riviera, na Consolação, e o melhor: teatro todos os dias da semana. O que, para quem estava em cartaz de quinta a domingo era o máximo. Sim, eu cheguei a fazer teatro de quinta a domingo. E ensaio pra censura, também. Bom, deixa pra lá.
Eu ainda fiquei muito tempo em Porto Alegre sonhando morar aqui. E, sempre que podia, vinha visitar minha amiga Lucia Serpa, que já havia mudado pra São Paulo. Aí eu aproveitava para assistir a todos os espetáculos, shows, filmes, era uma delícia. Com o tempo a minha mudança pra cá tornou-se inevitável e essa mesma amiga, Lucia Serpa, me indicou pra trabalhar num espetáculo do grupo XPTO e aí começa uma outra história. Esse post me foi motivado pelo aniversário de São Paulo, que foi ontem, e que passei em casa, pois chovia torrencialmente como, aliás, tem sido em todos os dias desse verão. São Paulo completou quatrocentos e cinqüenta e seis anos, catorze dos quais comigo morando aqui. E cada vez mais apaixonado. Aliás, essa paixão já se transformou em amor faz tempo...