segunda-feira, 15 de março de 2021
UM ANO
Mais um ano se passou. E nem sequer ouvi falar seu nome... Um ano trancado em casa. Um ano sem encontros nem festas nem abraços. Um ano sem teatro! Exatamente há um ano, no dia 14 de março de 2020, fui com minha amiga Patrícia Vilela assistir ao belo e intrigante espetáculo As Crianças. Depois da peça abracei, já um tanto receoso, meus amigos Andrea Dantas e Mario Borges, que faziam parte do elenco. Mal sabia que no dia seguinte os teatros iriam fechar. E o confinamento inevitável teria início. Um ano sem ir ao teatro e pior, sem fazer teatro. Sem pisar em um palco, sem receber o calor dos aplausos. As trocas com o público após as apresentações. Quem não pertence a esse mundo encantado pode não acreditar, mas isso é melhor do que dinheiro. Um ano sem ver o mar. Isso me faz tanta falta! Sem estar com familiares e amigos, sem viajar. Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Nunca os versos dessa canção de Chico Buarque fizeram tanto sentido para mim como agora. É quando a gente quer transformar o momento e não pode. Situação limite, como no teatro do absurdo. A gente quer mudar o nosso destino, mas eis que chega roda viva e carrega o destino pra lá... Não gosto de falar de coisas tristes, mas é tanta coisa ruim acontecendo o tempo todo, que fico sem assunto. Logo eu, tão otimista. Logo eu, tão cheio de interesses por tudo. De cultura a modismos. De arte a contemplação, literatura e viagens. Entrego a Deus e me ponho a rezar. Acho que nunca a humanidade rezou tanto como agora. Tentando lembrar antigas orações da minha infância redescobri Salve Rainha (no Google, que essa eu não sabia de cor). Como é bela e dramática essa súplica à mãe de Deus. Quando nós, os degredados filhos de Eva, gemendo e chorando num vale de lágrimas, recorremos à mãe maior. A criadora do mundo. Se ela criou Deus, ela veio antes. É, portanto, a criadora do mundo. Eia pois advogada nossa! Esses olhos misericordiosos a nós volvei nesse desterro. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus! Que um dia isso tudo há de passar...
Sigo, como Bethânia, à espera de vacina e misericórdia.
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Como sempre, Roberto,ler o que escreves é reviver tuas performance s ,no palco,não com tanta vibração,mas consola.
ResponderExcluirDeste Vida à Salve Rainha.
Ler o que escreves é reviver um pouco das tuas performances no palco.
ResponderExcluirAqui resgatasse uma oração antiga onde nossa situação como degredados está latente como nunca.
Lembro de Narusdin ,o Sufi,que ensina:
Isto também passará...
Assim como nós...
Ashirim, quem é você? Fiquei curioso.
ExcluirResgataste
ResponderExcluirTristeza dolorida, meu caro. Nos ensaios trabalhamos recursos expressivos da voz com canções; não tem vez que o pranto não venha, junto com a canção triste ou alegre, a ternura nos vence. É bom, limpa, desafoga, faz respirar. Saúde!
ResponderExcluirSergio, querido! Cantemos, ainda que uma canção triste. Mais triste ainda é não cantar. Love U.
ExcluirSolta a voz nas estradas!
ExcluirQue lindo post meu amigo. Sigamos com coragem.
ResponderExcluirOdilon, my dear! Sempre...
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