terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
FEVEREIRO FIT
Fevereiro chegou ainda pandêmico, já com vacinas e sem carnaval. Avesso à folia que vinha sendo nos últimos anos, me contentei com a ausência de blocos atravancando as ruas de São Paulo. Que alívio não ter de contemplar aquelas horrendas sainhas de tule desfilando meladas de glitter pela cidade... Sigo no meu isolamento. A tevê me traz imagens aterradoras como sendo a coisa mais normal. Ao ver as aglomerações no fevereiro com vírus e sem folia penso ter finalmente entendido o que Dalva de Oliveira queria dizer ao cantar quanto riso, ó quanta alegria, mais de mil palhaços no salão... Praias seguem lotadas, festas bombam ainda que clandestinamente, voos transportam variantes de um lado a outro do planeta. Coisas boas também devem estar acontecendo nesse fevereiro atípico. (Típico virou chamar as coisas de atípicas). Crianças estão nascendo. Outras, sendo concebidas. Curas estão sendo pesquisadas e encontradas. Maria Bethânia fez uma live! (No caso, o atípico virando típico). Ela pediu vacina, respeito, verdade e misericórdia. E mandou ver no vozeirão & repertório intenso. Quando você me deixou, meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem... Amores devem estar brotando em meio ao caos dos dias. Outros, se desfazendo. Como no poema de Paulo Mendes Campos: “No telefone, onde tantas vezes o amor começa, o amor acaba. No sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina. Às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes. Na vaidade, no álcool, de manhã, de tarde, de noite; na floração da primavera, no abuso do verão, na dissonância do outono, no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba. A qualquer hora o amor acaba. Para recomeçar em todos os lugares e a qualquer hora o amor acaba”... Desejo que esse fevereiro sui generis traga de volta o riso e a alegria dos mais de mil palhaços, cada um no seu salão - por enquanto, até que consigamos vencer a pandemia - e com a mesma máscara negra que esconde teu rosto (olha Dalva aí outra vez). Que a vida brote, cresça, que a esperança se fortaleça e triunfe. Que o amor ressurja, de onde ninguém imagina. E finalmente, como cantou Lulu Santos, “ toda raça então experimentará para todo mal a cura”... Bom fevereiro a todos!
Na foto, Dalva em si, a diva do rádio.
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Carnaval das lives, essa foi a tônica de 2021, eu, folião que sou, me senti usurpado por aqueles que negam a pandemia ou que a desrespeitam. Sigo isolado para que esteja vivo no próximo ano. Lindo texto.
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