Estava tudo indo bem. Quer dizer, bem na medida do possível
ante as circunstâncias. Mas, enfim, o domingo esteve com sol, o frio deu uma
trégua, nem parecia mais tão aquela coisa toda que estamos vivendo. Até que, no
fim da tarde, veio a má notícia: Antônio Bivar se foi. Partiu. Sucumbiu ao
malfadado vírus. Que raiva. Mais um dos muito bacanas, muito legais, muito
inteligentes e criativos que nos deixa. Pobre do teatro brasileiro. Pobre da
nossa cultura. Pobres de nós... Só estive com Bivar uma vez. Pela
ocasião do lançamento do livro Aos Quatro Ventos, no qual ele conta mais uma
parte da sua vida. Sim, ele contava sua vida toda em livros, uma espécie de reality
show em folhetim. Eu adorava acompanhar as aventuras dele pelo mundo e pelas
décadas. Fora toda a dramaturgia, Alzira Power, Cordelia Brasil e tudo o mais.
Amei Bivar desde que tive consciência de que ele existia, nos discos de Maria
Bethânia. Drama, cujo show ele dirigiu, e no qual Bethânia recitava textos de
sua autoria que sei de cor. Não fosse esse nosso imenso e difícil amor, não
fosse esse abismo entre nós, eu te convidava a dançar o meu último bolero. Eu
devia ter quinze anos quando ouvia isso e ficava encantado... Mantive uma
relação virtual com ele via Messenger desde que descobri, lendo uma de suas
biografias, que ele escrevera um texto para Walmor Chagas que nunca foi
montado. Me empenhei bastante no sentido de levar essa obra inédita à cena, mas,
infelizmente, não aconteceu. Ainda. Amo suas parcerias com Rita Lee, nas mais variadas formas. Ou plataformas. Suas colaborações nas revistas AZ e Around, de Joyce Pascowitch. A maneira simples e bem humorada como ele relata tudo o que viveu, as pessoas interessantes com quem conviveu. Maria Della Costa lhe encomendando uma peça na qual ela pudesse usar vários vestidos bonitos... É dele a biografia de Yolanda Penteado, uma
das melhores que já li... Quem me conhece ou segue o blog sabe da minha adoração por ele. É só digitar Bivar no campo de busca do blog e os posts sobre ele pipocam. Estou muito triste e chateado. De tanto ouvir falar em “novo
normal” estou me sentindo um “velho anormal”. É um tal de reinventar-se, todo
mundo se reinventando o tempo todo, via live ou fake live. Não acredito que “vamos
sair dessa melhores”. Estamos vivendo o crepúsculo do pouco de bom que chegamos
a ser... Vai em paz, Bivar. E, quando chegar lá, abra a janela e deixe entrar o
ar puro e o sol da manhã...
Nas fotos, Bivar on the road e comigo no lançamento de Aos Quatro Ventos.
Fiquei emocionada Robertinho...obrigada...a tristeza por ele e por tudo é devastadora..não há sol que dê conta dela..bjs,saudades......
ResponderExcluirTriste mesmo, uma notícia dessa esculhamba até o sol.
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