Acabo de descobrir por que as pessoas que nascem em fevereiro são do signo de peixes: É que chove demais nessa época do ano. Pelo menos aqui em São Paulo é assim... O carnaval explode em blocos de rua e a chuva não dá trégua. Quisera ser um peixe! Para enfeitar de corais minha cintura e sair soltando a franga pelas ruas da Pauliceia... O que vem acontecendo, de uns tempos pra cá, é exatamente o contrário. Fico o carnaval inteiro em casa. Gosto tanto! É que os famosos "bloquinhos" de rua de São Paulo se transformaram em verdadeiros trios elétricos, tamanha a multidão que agora os segue. E a cidade, que ficava praticamente vazia para mim, fazia jus à alcunha de Túmulo do Samba, criada pelo saudoso Poetinha... Agora virou uma espécie de Salvador nos dias de folia. E quantos dias de folia! Que eu me lembre, carnaval eram quatro dias: Sábado, domingo, segunda e terça. Agora é um mês inteiro... E a festa não acaba mais na quarta-feira. A coisa se estende por incontáveis enterros dos ossos. Uma pessoa de garganta frágil como eu, que inflama por qualquer bobagem (mais as alergias respiratórias, rinite, sinusite, bronquite), não pode nem pensar em correr o risco de tomar essa chuva toda com o corpo quente e suado. E multidão para mim se tornou sinônimo de pânico. Assim sendo, o aconchego do lar é o meu novo Reino Encantado de Momo. Carnaval mesmo, agora é só pelo Instagram... Boa folia a todos!
Na foto, Sampa toda caracterizada para receber os foliões.
sábado, 22 de fevereiro de 2020
domingo, 16 de fevereiro de 2020
ALMA LAVADA
Acabo de assistir ao espetáculo solo de Irene Ravache, Alma Despejada. Um texto de Andréa Bassitt com direção de Elias Andreato. Dito isso, a gente já sabe que se trata de coisa boa. Muito boa. Assistir às peças de Irene Ravache é sempre um aprendizado, é como assistir a uma aula de interpretação. Eu já havia sido arrebatado por ela nos espetáculos Uma Relação Tão Delicada e De Braços Abertos. Em ambos os casos, acompanhada de grandes atores sur la scène. Agora, nesse monólogo, temos a oportunidade de apreciar o talento de Irene na sua totalidade. É ela em si, propriamente dita. E muito bem dita. O texto de Andréa Bassitt proporciona a essa grande atriz um passeio pela alma humana, rico em emoções, em diversidade de temas abordados e cheio de interessantes jogos de palavras, sempre levando o espectador a associações inusitadas de ideias. Que grande prazer. Que encantamento. É uma felicidade tão grande para quem, como eu, faz teatro, ver uma grande artista prender a atenção da plateia durante uma hora. Sozinha no palco, em meio a caixas de papelão que guardam memórias, ela consegue fazer o público de um teatro de shopping esquecer o celular, a novela, as séries do Netflix, as contas para pagar, a casa, o dia a dia, o trabalho, os problemas e embarcar com ela nessa interessante história que pode ser a história de qualquer um dos que a assistem. E é. É exatamente a história de todos e precisamente por isto se torna tão interessante. Obrigado dona Irene Ravache por se dar o trabalho de nos ensinar tanto. Não apenas com a peça, mas com o que fala ao público depois que ela termina. Falar o que se pensa e ouvir o que os outros pensam, mesmo que em discordância, é direito de todos. E que nunca nos seja negado. Palmas para Irene Ravache! Quanto ao título do post, é exatamente assim que a gente sai do teatro depois de assistir a essa master class: De Alma Lavada.
Na foto, Irene fala com a plateia depois de sua inesquecível performance.
Na foto, Irene fala com a plateia depois de sua inesquecível performance.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020
YOUTUBE
Adoro essa plataforma, ou seja lá como se chama, de vídeos. Confesso que uso mais para áudio, é meu local preferido para ouvir música. E, tirando os anúncios, que detesto, amo a maneira como o YouTube nos leva de uma coisa à outra, o tal algoritmo. Dia desses, enquanto assistia ao último episódio de The Crown no Netflix, tocou a música Star Man, de David Bowie, numa das cenas. Depois de assistir à série fui procurar a música no YouTube e, quando percebi, tinha ido parar no álbum Encore!, de Klaus Nomi. Me dei conta de que eu escutava isso nos anos oitenta em Porto Alegre e do quanto era moderno e continua sendo. Daí, claro, fiquei pensando: O que é moderno assim hoje em dia? E o aplicativo seguiu me levando a The Cure, Marianne Faithful, Laurie Anderson, Tom Waits e tantos mais. Laurie Anderson eu cheguei a assistir ao vivo num show em Paris nos anos noventa, no lendário cinema e teatro Grand Rex, verdadeiro templo do art-déco. Cadê aquela modernidade toda? Onde foi parar? De repente fiquei velho e sem modernidades equivalentes à minha atualidade... Lembro que na primeira peça que dirigi em Porto Alegre, Lisístrata, enquanto o público entrava no teatro e esperava o espetáculo começar, ficava tocando justamente este álbum de Klaus Nomi, Encore!. E lá se vão trinta e dois anos... Mas, voltando ao YouTube, foi ele que divulgou a Terça Insana para o Brasil e o mundo e é ele que me faz viajar no tempo através de álbuns e canções que marcaram a minha trajetória. Chego à conclusão que talvez a modernidade de hoje seja justamente essa ferramenta que nos põe em contato com o passado. E que, tirando os youtubers, o YouTube é realmente o máximo...
Nas fotos, Klaus Nomi na capa do icônico álbum Encore! e o ingresso do show de Laurie Anderson que, obviamente, guardei.
Nas fotos, Klaus Nomi na capa do icônico álbum Encore! e o ingresso do show de Laurie Anderson que, obviamente, guardei.
domingo, 9 de fevereiro de 2020
FORÇA NO ESPANADOR
Olá, mês de fevereiro! Já estamos praticamente no carnaval. Digo praticamente porque já pipocam os blocos pelas cidades e o clima de folia se instala sorrateiramente... Desde que tudo se tornou irremediavelmente político (e, pior ainda, binário, bifásico, maniqueísta ou, para usar uma palavra que detesto, polarizado) resolvi exaltar as qualidades do prosaico e do banal como possibilidade de se levar a vida sem maior estresse (outra palavrinha que já deu). Pois bem, hoje o domingo se fez ameno e ensolarado e decidi encará-lo de frente como um velho e bom dono de casa... Assim sendo, logo cedo fui à feira para fazer as compras de mantimentos da semana e, na volta ao lar (para citar Harold Pinter), entreguei-me de rodo, balde e pano a uma rápida faxina. Não foi assim uma faxina "súplica", como dizia uma empregada da minha mãe quando limpava a casa com grande esmero. Sabe-se lá de onde ela tirou tal adjetivo. Sei que nunca esqueci. Nada comparado à grande limpeza que fiz no mês de dezembro para esperar minha irmã que veio passar o Natal conosco. Mesmo assim, embalado pelas canções de Paulinho da Viola do álbum Acústico MTV, pilotei o aspirador de pó cheio de nobreza & dignidade. Ah, coração leviano! Nem sabe o que fez do meu... E agora que fui um bom menino, as plantas estão aguadas e a casa já está um brinco, vou me dar de presente a maravilhosa muqueca de camarão do Ritz como merecido almoço dominical... Bom fevereiro a todos!
Na foto, a elegância discreta de Paulinho da Viola em momento acústico.
Na foto, a elegância discreta de Paulinho da Viola em momento acústico.
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